quarta-feira, 16 de julho de 2014

Um Ano Diferente


Chamo-me João Soares e sou seminarista interno da Congregação da Missão (Padres Vicentinos). Sei que uma das áreas de presença e apoio dos Colaboradores da Missão é a oração pelos candidatos ao sacerdócio e a partilha com os Seminários vicentinos. Quase a terminar uma etapa no meu caminho de discernimento e aprofundamento vocacional, venho falar-vos um pouco desta experiência de um ano que, para nós missionários, é muito importante.



O Seminário Interno, por muitos conhecido por Noviciado, é um ano do qual nenhum missionário se pode esquecer. É o ano no qual somos postos à prova a vários níveis e em que o nosso sim deve ser carregado de uma maior responsabilidade.

Eu, depois de 4 anos a viver na comunidade do Amial (Porto), sob a direcção do Padre Fernando Soares, fui admitido pela comunidade no dia 14 de Setembro de 2013 no Seminário Interno interprovincial, que se realiza em Nápoles - Itália. É um tempo que requer um esforço muito grande, e no meu caso requereu um esforço dobrado, uma vez que, aconteceu no estrangeiro e face a isto comportou várias dificuldades como, por exemplo, a língua e cultura. Mas nada que a vontade de seguir Cristo evangelizador dos pobres não possa suportar.

Este ano tem por missão criar em nós um maior conhecimento da congregação, uma vez que admitidos ao Seminário Interno já fazemos parte desta, e também cultivar um maior aprofundamento da vida de S. Vicente e da sua Espiritualidade.


A minha experiência aqui em Nápoles foi muito boa uma vez que conheci mais S. Vicente e a Congregação da Missão, conheci colegas de outras nacionalidades (espanhóis, albaneses, libaneses e italianos). Durante este ano intenso, tive o privilégio de criar bons laços de amizade. Aprofundei mais a minha vocação e o sentido de missão, dado que estamos fora daquilo que é a nossa zona de conforto. 

É muito difícil contar-vos aquilo que foi um ano de tantos acontecimentos e sentimentos num pequeno artigo, mas posso garantir-vos que encontrei o sentido para qual fui chamado, tal como diz o lema dos Colaboradores da Missão Vicentina (CMV): “ EM FRENTE PELA MISSÃO”.

João Soares
(Seminário Interno – Nápoles)

Nota:


O João Soares regressou a Portugal no passado domingo, dia 13 de Julho. Depois de alguns dias em Lisboa, com os formadores, a partir do dia 18 de Julho, virá fazer um tempo de estágio pastoral, integrado na Comunidade Vicentina de Santiago do Cacém. Este estágio faz parte do tempo de Seminário Interno.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Animação Missionária



Celebrar a Fé – Ir ao Encontro

No domingo, 6 de Julho, uma representação da paróquia de Santiago do Cacém (três dezenas de pessoas, de diferentes idades e pertencentes a vários grupos e movimentos), deslocaram-se à Venda Nova-Amadora, ao Bairro 6 de Maio. Esta acção pastoral e missionária acontece pela terceira vez. Nos últimos dois anos, a Comunidade daquele Bairro, veio visitar-nos, participou connosco na Eucaristia na Igreja Matriz e, à tarde, fez o seu convívio no Rio da Figueira. Criaram-se laços e houve intercâmbio de culturas e de vivências. Este ano foi a nossa vez de retribuir a visita. Associamo-nos à Festa da independência de Cabo Verde e do Padroeiro do Bairro, S. Domingos de Gusmão.



Centro Social, uma casa amiga
O Centro Social do Bairro 6 Maio é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), localizado no bairro que lhe dá o nome e é dirigido pela Congregação das Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário. Os seus habitantes, na sua maioria de origem caboverdiana, vivem num habitat muito precário, o que leva a uma imagem exterior extremamente negativa. No entanto, a vontade de muitos habitantes é permanecer no bairro, manifestando uma atitude bastante positiva em relação a esse espaço. Há uma forte identidade cultural e um sentimento de pertença das pessoas deste bairro, fazendo com que estas produzam e reproduzam, criem e recriem a sua identidade.
O Centro Social é uma casa amiga e, neste contexto, assume especial relevância, procurando dar resposta aos problemas sociais da população do bairro, mas também na estruturação da sua identidade cultural, através dos projectos e actividades que desenvolve. O Centro Social possui um papel importante, na medida em que procura apostar e capacitar jovens líderes, que poderão influenciar outros, fortalecendo a imagem positiva e o sentimento de pertença ao bairro. O Centro Social surge como uma entidade que congrega as pessoas, procura promovê-las e capacitá-las.
O Centro, o bairro e os seus habitantes são uma tríade que se funde e confunde, abraçando uma identidade assente nesta interacção. Na essência de cada um está presente a história dos outros dois.


Preparação e dinamização
Há dois meses atrás, um pequeno grupo de Santiago deslocou-se ao Bairro 6 de Maio e, reuniu-se com os animadores daquela comunidade e com as Irmãs Dominicanas. Os lemas das Dioceses de Beja e de Lisboa deram o mote a todo o encontro celebrativo e litúrgico. Além dos caboverdianos, também os guineenses, sãotomenses e oriundos de outros países lusófonos, foram convidados a participar para que, com os seus cantos, ritmos e danças, animassem a Eucaristia e o convívio. Entre nós, nos vários grupos e na comunidade foi feita a divulgação e, a partir do lema “A fé actua pela caridade”, fez-se uma recolha de géneros alimentares para serem partilhados com as famílias mais pobres. Muitas foram as pessoas que aceitaram a proposta e responderam generosamente. Ao todo, levamos cerca de 250kg de alimentos, que foram entregues às Irmãs.



Celebração e convívio
O sol não quis aparecer e, em sua vez, a chuva fez-se presente. No mini-bus cedido pela Câmara Municipal, galgamos a distância entre Santiago e o Bairro 6 de Maio. Era visível o ar de festa no recinto exterior do Centro Social. A chuva caía. Foi necessário adaptarmo-nos a esta circunstância. Os vários grupos foram chegando, as autoridades (Presidente da Câmara da Amadora, representante da Embaixadora de Cabo Verde, presidente da Junta da Venda Nova) tomaram os seus lugares, os Juízes da Festa assumiram o seu papel e deu-se início à Eucaristia. Presidiu o P. Manuel Nóbrega (vicentino).
Além das comunidades lusófonas também participaram alguns Grupos que colaboram com o Centro Social e o Bairro (Equipa d’África e outros). As danças, os cantos, as palavras, os gestos e os sinais, deram cor e encanto a toda a celebração. A entronização da Palavra e o momento de adoração, foram muito expressivos e profundos. No ofertório, além dos frutos da terra, foram colocados no altar os alimentos recolhidos em Santiago e foi entregue à Comunidade do Bairro, um quadro de S. Domingos, pintado por alguém da nossa terra. No momento de acção de graças, e tendo presente o Evangelho do dia, oferecemos a cada pessoa, uma pequena pedra onde se podia ler: “Eu Te bendigo, ó Pai…”. A comunidade do Bairro, por sua vez, e como sinal de envio, entregou-nos um facho de luz.
Seguiu-se o almoço partilhado. A variedade era muita e os cozinhados africanos estavam apetitosos. Houve partilha, intercâmbio, alegria. Depois, os mais pequeninos e os adultos, com danças e batuques, com muita cor e muita vida, dançaram, conviveram, fizeram festa.
Regressamos. Viemos mais ricos. A experiência foi muito bonita, as pessoas ficaram encantadas e não deram pelo andar do relógio, durante a Eucaristia. Um dia muito bom, um autêntico Pentecostes!
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bispo português nascido em 1787 a caminho da beatificação ...


D. António Ferreira Viçoso liderou diocese brasileira de Mariana
e destacou-se na luta contra a escravidão

O Papa aprovou hoje a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ de D. António Ferreira Viçoso (1787-1875), bispo de Mariana (Brasil), nascido em Peniche, que recebe assim o título de ‘venerável’. Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade.


D. António Ferreira Viçoso foi bispo de Mariana entre 1844 e 1875 e é recordado no Brasil pelo seu humanismo, a luta contra a escravatura e as preocupações com a educação e o meio ambiente.

António Ferreira Viçoso, religioso lazarista (vicentino), nasceu em Portugal a 13 de maio de 1787 e foi ordenado sacerdote em 1818, sendo professor em Évora antes de embarcar para o Brasil, aos 32 anos. Nomeado bispo de Mariana, em 1843, promoveu uma reforma do clero e apostou em obras de caridade e educação, entre elas o primeiro colégio feminino de Minas Gerais; antes, em 1840, escreveu, o texto ‘A escravatura ofendida e defendida’.

O Papa Francisco autorizou ainda a publicação de decretos que reconhecem as "virtudes heroicas" de um sacerdote espanhol e outro francês, de duas religiosas italianas e uma turca,  que viveram entre os séculos XIX e XX, para além de um leigo italiano, Marcello Candia, missionário na Amazónia.

A canonização, acto reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Cidade do Vaticano,

09 Jul 2014 – OC - Ecclesia