quarta-feira, 20 de novembro de 2013

As Escolas, terreno de Missão



Testemunho de um missionário

A nossa Missão em Sines continua. Para além da visita aos doentes, aos que estão sós, à Santa Casa da Misericórdia, e do encontro com todos os grupos da Catequese paroquial (10 catecismos), agora a Missão chegou às Escolas.

A Irmã Celina e eu, como membros da equipa missionária, fomos enviados, para visitar as Escolas, para participar concretamente nas aulas de EMRC. Os outros três membros da equipa, P. Agostinho, José Neves e Arlete, ficaram a cuidar das celebrações litúrgicas desta 2ª semana da Missão e da visita a doentes, preparando-os para a celebração do Sacramento da Unção dos doentes. Destes acontecimentos da Missão daremos conta noutras ocasiões.

No primeiro contacto com as Escolas, começo por referir o papel decisivo que tem a Professora Ana Ribeiro, que é também catequista na Paróquia de Sines. Sendo licenciada em Filosofia, posteriormente fez Ciências Religiosas por opção e para se dedicar não ao ensino da Filosofia mas de EMRC. Sente este como uma Missão. Já lecciona há 25 anos mas ainda só é professora contratada. Fez Ciências Religiosas com muito sacrifício. Todos os dias ia para Lisboa: dava aulas de manhã e depois frequentava o curso de Ciências Religiosas em regime pós-laboral, com algum prejuízo para a sua vida familiar.

Ao mesmo tempo, todos os anos, vai às turmas dos seus colegas professores, mesmo por vezes "contra vontade" de alguns deles, para convidar os alunos para frequentarem EMRC. Tem muitas turmas e muitos alunos o que faz com que a maior parte deles não ande na catequese e alguns, nem baptizados são. É uma população muito variada e chegamos a encontrar alguns chineses já nascidos em Portugal e que também por lá andam.

A professora Ana tem sido espectacular connosco. Junto dos alunos da Escola Básica e Secundária falámos da Missão Popular, demos o nosso testemunho vocacional e convidámos todos para seguirem Jesus em e na Igreja inscrevendo-se na catequese sempre que fosse possível e assim o desejassem, pois encontrámos mesmo alguns alunos que são de outras denominações cristãs. Visitámos todas as turmas da Professora Ana Ribeiro quer do ensino básico quer do secundário.

Nesta semana contactamos com um total de mais de 393 alunos, fora os que faltaram à aula de EMRC. Deste número, apenas 47 frequentam a catequese paroquial. Em quase todas as turmas rezámos a oração pelos Seminários e em todas falámos do senhor Bispo, como o nosso Pastor e primeiro missionário.
Luís Marques
(Equipa missionária)
Testemunho da professora de EMRC

A pedido do Padre Agostinho, Coordenador da Missão Popular em Sines deixo a minha visão destes dias nas escolas onde leciono, Escola Básica Vasco da Gama e Escola Secundária, ambas em Sines. É o olhar de uma docente de Educação Moral e Religiosa Católica que está num terreno que apresenta inúmeras agruras mas que sem dúvida a faz sentir francamente feliz e realizada há vários anos (25).

Numa primeira fase e quando me foi dito que estariam em todas as aulas de E.M.R.C. nas duas escolas e durante a semana inteira, dois Missionários, a Irmã Celina e o Seminarista Luís Filipe senti algum receio no modo como estes dois seres tão especiais seriam recebidos pelos alunos e até pelas direções das escolas ou pelo pessoal docente e não docente. Felizmente os meus receios não passaram disso mesmo e poderei dizer que na verdade foi um sucesso muito embora o trabalho realizado fosse diferente de turma para turma e consequentemente os resultados dessa abordagem também.

Sentiu -se calor humano, surpresa, acolhimento, dúvidas, carinho, curiosidade, viram-se sorrisos, colocaram-se questões (algumas pertinentes), cantou-se, rezou-se e falou-se de forma espontânea, aberta e marcando de forma relevante o grande Amor que habita dentro destas duas pessoas fabulosas que desejam chegar aos corações das crianças e jovens adolescentes. Numa era da cultura digital, de problemas socio - económicos agravados, do desemprego, do alfabeto emotivo das várias gerações há que favorecer encontros como este, que promovem o encontro com Cristo, entrelaçando a formação religiosa com o desenvolvimento humano, convergindo deste modo a educação na Fé.

Há que ser capaz de ensinar com amor, mostrando que é sempre possível fazer a diferença: fazer acontecer a solidariedade, a compreensão, a ajuda mútua e o amor entre as pessoas. Compete-me a mim e enquanto educadora mostrar aos meus alunos a beleza e o interesse de uma vida aberta ao mundo inteiro. Só será possível se abrir as portas dos corações dos jovens que tenho em cada aula, adaptando as minhas propostas educativas para conquistar a sua confiança, formando assim personalidades robustas, do ponto de vista humano e dentro de um contexto cristão.

Também eu tenho uma Missão fundamental à qual sou chamada a dar uma resposta efetiva nas escolas onde me encontro. Há que ser próxima, ajudar a encontrar um sentido para a vida, ser convicta na caminhada que faço com os alunos. Todo o ato educativo, se quisermos pode ser evangelizador e nós somos coautores na criação de identidades juvenis.

Saudades serão sentidas certamente deste bulício que impregnou as salas com os testemunhos sentidos de vida de pessoas que já viram a miséria humana, o sofrimento, a violência, a incerteza de vida nos olhares de crianças inocentes, de idosos que ainda mantêm a esperança de alguém lhes levar consolo, ternura e atenção.

Aprendi bastante com esta experiência, pois muitas das vezes colados a um programa intenso a que temos de dar resposta, vale a pena aproveitar momentos de franca proximidade, de diálogo, de troca de saberes, de experiências únicas e de surpreender de forma inusitada a linha de conforto dos alunos que temos na nossa frente. As intervenções destes Missionários provocaram oscilações no modo de pensar e de ver a vida das crianças e jovens nas diversas salas onde entraram (33 turmas num total de 413 alunos) e onde sobretudo fizeram despertar as consciências adormecidas.

Aqueles que não perceberam essa intervenção ou não quiseram deixar-se envolver, ficará agora centrada em mim a tarefa de os conquistar para o mundo dos valores do altruísmo, do verdadeiro amor filial, da dor alheia, da amizade, do perdão entre outros. Penso que a maioria ficou mais rico interiormente ou pelo menos depois daqueles cinquenta minutos houve pequenos despertares para outras realidades. As consequências dessa marca muito provavelmente só se verá com nitidez no futuro, nas ações diárias, nas relações com os outros, no despertar para viver Jesus através de um compromisso mais responsável.

O meu bem - haja do fundo do coração pela disponibilidade mostrada, pela candura e sorriso meigo da Irmã Celina, pela tranquilidade e harmonia de que no seu hábito azul surpreendeu a todos. Com a mesma importância se distinguiu a força interior, a determinação, o sentido de justiça e espontaneidade marcados no brilho dos olhos do Seminarista Luís Filipe. A vossa dádiva trouxe uma visão mais humanista que acredito ter tocado muitas das crianças e jovens que me fazem acreditar que é possível deixar sementes nos corações de todos de forma a humanizar mais o nosso mundo. Deus permita que dê fruto e que vivam o Amor de forma humilde, pautado pelos valores cristãos. O sucesso desta Missão deveu-se a vós que conseguiram encantar-nos! Obrigada por serem quem sois!

Prof. Ana Maria Ribeiro

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