sexta-feira, 14 de março de 2014

A Alegria da Missão



Uma experiência de vida
Em dia de Carnaval, cerca de setenta leigos e algumas religiosas, vindos das dioceses de Vila Real, Porto Santarém, Guarda, Portalegre-Castelo Branco e Beja (5 participantes), dirigiram-se a Fátima, à Casa da Senhora das Dores e juntaram-se aos directores dos Secretariados diocesanos da Missões que, na véspera, estiveram reunidos para partilhar experiências e programar próximas acções. Deste modo, responderam à convocatória feita pela chefia das OMP. De salientar a presença de vários Colaboradores da Missão Vicentina (CMV) e da diocese de Santarém, nomeadamente da Zona de Salvaterra de Magos. Foi a segunda vez que tal aconteceu e a resposta, este ano, quase duplicou.
Foi um dia de formação para todos aqueles que colaboram na animação missionária nas dioceses. A conduzir a jornada esteve o P. António Lopes, director nacional das OMP que deu as boas vindas e, depois de um breve momento de oração, fez a apresentação do conferente, vindo de Roma, P. Timoteo Lahane, SVD. Foi Secretário-geral da Obra da Propagação da Fé e cessou funções no final do ano passado.
Apoiado na experiência vivida ao longo dos últimos cinco anos, quer nas visitas que fez, quer nos testemunhos que recebeu, o P. Timoteo explanou o tema “Pastores missionários para uma Igreja em permanente estado de Missão”. Citando alguns dos documentos com marca missionária (Redemptoris Missio, Presbyterorum Ordinis, Pastor dabo vobis, Documentos de Aparecida, Evangelii Nuntiandi, Evangelii Gaudium e mensagens dos dias mundiais da Missões), o orador apontou como centro de toda a Missão Jesus Cristo e que a Igreja é missionária por natureza e que não pode perder esta dimensão. A partir de Marcos (13, 9-10), falou das muitas perseguições a que os mensageiros da Palavra estão sujeitos, em todos os tempos e agora, concretamente. Nem por isso, se pode deixar de anunciar o Evangelho, mesmo em ambientes hostis ou quando parece que tudo está perdido, porque somos em pequeno número, sem grandes meios ou poucas forças. Não sendo fácil ser cristão hoje, mesmo assim, não podemos deixar de acreditar que vale a pena dar-se, sem medida e sem cálculos.


Chamados à vida, ao amor e à santidade
O P. Timoteo acentuou a necessidade do encontro com o outro, na proximidade, na descoberta do outro. Chamados à vida, ao amor e à santidade, cada um deve dialogar com o seu coração e com o coração de Deus para ser um autêntico discípulo. Entrar no coração leva-nos a ir ao encontro, partilhando a alegria da Missão.
Com imagens recentes de destruição e morte e servindo-se de alguns gráficos a nível de continentes, citou Bento XVI que disse: “Jesus convida a todos a participar na sua missão. Que ninguém fique de braços cruzados! Ser missionário é ser anunciador de Jesus Cristo com criatividade e audácia em todos os lugares onde o Evangelho não foi suficientemente anunciado ou acolhido, em especial nos ambientes difíceis e esquecidos e para além das nossas fronteiras. Sejamos missionários do Evangelho não só com palavras mas sobretudo com a própria vida, entregando-a em serviço inclusive até ao martírio”.
Citando o Papa Francisco, o orador, falou da espiritualidade missionária, eclesial, mística, profética, que convoca, propõe, convida, que é solidária e misericordiosa, que vive e testemunha a novidade da Páscoa de Jesus.
Por fim, o Secretário-geral cessante da OPF, respigou alguns números da Carta pastoral “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal”. Salientou a riqueza do documento e levou os participantes a descobrir as linhas de força e os desafios da mesma: cada igreja particular é responsável por toda a missão; necessidade de avivar a vocação missionária de todos os cristãos; urgência em lançar mão de novos métodos e de converter a nossa vida a Jesus, deixando tudo para O seguir; e, a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações.

4 analogias, uma única Missão
Coube ao Director Nacional apresentar o tema: Alegria da Missão. Como pano de fundo esteve a Exortação apostólica “Evangelii Gaudium”: “A alegria do Evangelho, que enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus é uma alegria missionária” (EG 1.21). Encontro foi a palavra escolhida: encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e rumo decisivo.
A experiência de Moisés serviu de mote para significar toda a história de encontros com o Senhor e que revelam a paixão do missionário por Deus e pelo seu Reino. Deste modo, viver a missão é encontrar-se, escutar o chamamento e seguir. Exemplo claro desta missão e envio é o de André ao desafiar (pro-vocar) o seu irmão Pedro ao anunciar-lhe: “Encontramos o Messias”.
Com a Palavra de Deus numa das mãos e a Evangelii Gaudium noutra mão o P. António Lopes apresentou 4 analogias para falar da Missão: A analogia pastoral (Jo 10, 2-4.14-16), a analogia agrícola (Mc 4, 3-9 e outros), a analogia da pesca marítima (Lc 5, 1-6.10) e a analogia dos fones stereo, a partir de Isaías (Is 54, 1-10), “alarga o espaço da tua tenda”.
A exposição, viva, apelativa e profunda terminou com uma frase chave que convida e desafia a sermos mais missionários e mais proféticos nesta aldeia global que é o mundo, onde vivemos e onde somos chamados a dar testemunho: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados pelo fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG 273)

Partilha e troca de experiências
Os trabalhos prolongaram-se pela tarde. Após o almoço, houve partilha e troca de experiências. O nascimento e crescimento dos Grupos Missionários Paroquiais (GMP), a Obra da Infância Missionária, a Missão Ad Gentes, o voluntariado missionário foram tema de reflexão e de desafio.
Algumas paróquias e dioceses já têm uma vivência missionária mais organizada; outras, começam a dar os primeiros passos, com vontade firme de tornar mais visível a urgência da Missão. As questões e inquietações, as respostas e caminhos apontados, fizeram crer que algo está a acontecer.
Alargar a tenda, rasgar horizontes foi a tónica deste encontro missionário. Os testemunhos e temáticas, a participação numerosa e interessada, mostraram que há caminho a fazer mas também que sabemos com quem e para onde caminhamos. Os presentes foram unânimes em afirmar a riqueza do encontro e a necessidade que há em fazer com que haja mais e com mais participantes. 
Com esta partilha e troca de experiência descobrimos e tomamos mais consciência que “todos somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando unicamente em Jesus, deixando-nos iluminar pela sua Palavra” (Bento XVI, homilia no Porto, Maio 2010).
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

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