quarta-feira, 1 de março de 2017

Jubileu: Caridade e Missão

O universo Vicentino vive um momento histórico e de júbilo, de memória e de acção de graças, de refontalização e de criação de novas respostas para os novos apelos e desafios.
A célebre frase de Vicente de Paulo “este povo morre de fome e condena-se” serviu de inspiração a respostas prontas e concretas às necessidades daquele tempo e deu origem às duas grandes asas da acção vicentina ao longo destes quatro séculos. Caridade e Missão, são identidade permanente para todos os que procuram seguir as pisadas do Santo da Caridade, também conhecido, pelo ‘místico da acção’ (Dodin, “St Vincent de Paul mystique de l’action religieuse”, Mission et Charité, n.º 29-30 (jan-avril 1968), pp. 26-47).

Neste cantinho que é Portugal, há um outro motivo para celebrar e louvar o Pai das Misericórdias que quis plantar neste “jardim à beira mar” a Congregação da Missão. São trezentos anos de história, de homens valorosos, que romperam fronteiras levando a Boa Nova não só “ad intra” mas também a outros continentes. Muitas vezes perseguidos, alguns deles derramando o seu sangue, foram escrevendo belas páginas de dedicação e entrega ao Evangelizador dos Pobres e de imitação e seguimento do “Pai dos Pobres”.
Atenta a esta presença e acção dos filhos e filhas de S. Vicente e de toda a Família Vicentina a Conferência Episcopal Portuguesa, para assinalar o duplo jubileu, aprovou a 10 de Novembro de 2016 (data próxima da chegada do P. Gomes da Costa, a Lisboa) uma Nota Episcopal de Reconhecimento na qual deixou alguns desafios, entre os quais: “Colocar ‘novo ardor’, procurar ‘novos métodos’ e assumir ‘novas expressões’ na transmissão do ADN vicentino às novas gerações e a assumir o apelo da Igreja e do mundo à renovação permanente na linha da ‘mística da caridade’ e comprometer-se com todas as situações que degradam a dignidade do homem”.



Celebrações Jubilares e Presença do Superior Geral

No dia 25 de Janeiro, nas paróquias ou locais de trabalho missionário, as Comunidades da Província Portuguesa promoveram celebrações festivas, convidando os Ramos da Família Vicentina e todo o Povo de Deus. Em alguns desses lugares os Bispos diocesanos associaram-se a estes momentos celebrativos e de família.
Lisboa, sede da Província, fez a abertura oficial das comemorações nos dias 28 e 29 de Janeiro, na igreja da Paróquia de S. Tomás de Aquino. No dia 28, a meio da tarde, vindo de Madrid, o Superior Geral, P. Tomaž Mavrič, foi acolhido na igreja, onde uma multidão de pessoas o aguardava para, com ele, participar no Concerto: “Missa em Si menor de Bach, BWV 232; Kyrie e Glória” pelo Ensemble S. Tomás de Aquino. O Padre Geral e toda a assembleia ficaram muito agradados com o que viram e ouviram.
Após as delícias da música, seguiu-se um outro momento delicioso: “um Porto de honra”, modo típico de receber quem nos visita. Enquanto se saboreava o doce néctar, os olhos podiam percorrer uma “Exposição” sobre os 300 anos da Província Portuguesa. Eram várias salas, com 10 temáticas diferentes.

O momento mais solene desse sábado foi a Eucaristia solene, presidida pelo Superior Geral. Estava acompanhado, na presidência, pelo P. José Alves, visitador, e pelo P. Nélio Pita, pároco. Concelebraram 14 sacerdotes, entre confrades e outros sacerdotes. O coro paroquial do Sagrado Coração de Jesus animou a celebração e a assembleia era composta por muitos membros da Família Vicentina, entre os quais muitas Filhas da Caridade.
Sem temer a dificuldade da língua portuguesa, o Presidente, com a sua palavra simples e serena, cativou toda a assembleia. No final, duas crianças, representando a comunidade, ofereceram ao Padre Geral duas pequenas lembranças, alusivas à paróquia que nasceu à sombra dos Padres Vicentinos, os quais foram desde sempre seus animadores pastorais.
Por fim, na Casa Provincial, aconteceu o esperado jantar que serviu para retemperar forças, reforçar laços e trocar impressões acerca da vida da Congregação da Missão e da Província Portuguesa. Antes do descanso, o Visitador e alguns confrades acompanharam o Superior Geral numa visita a alguns locais emblemáticos da cidade de Lisboa.

Família Vicentina congregada para dar graças
No dia 29, Domingo, a multidão acorreu ao templo, vinda de perto e de longe: comunidades vicentinas (CM e FC), Família Vicentina, colaboradores, amigos, ex-alunos, membros de outros institutos missionários e paroquianos. 
A Eucaristia, com honras de transmissão televisiva, foi presidida pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, ladeado pelo Superior Geral, P. Tomaž Mavrič, e pelo Bispo vicentino, D. Augusto César, emérito de Portalegre-Castelo Branco e a residir em Fátima. Foram assistidos por 3 diáconos e, no presbitério, encontravam-se 30 concelebrantes. A animação litúrgica foi feita pelo Coro S. Tomás de Aquino. As leituras foram proclamadas por pessoas da Paróquia e a Oração dos Fiéis e o Ofertório estiveram a cargo da Família Vicentina.
O Presidente da celebração, grande historiador e amigo da CM, não só traçou a vivência dos Padres da Missão, em Portugal, ao longo de 3 séculos, mas também fez um retrato perfeito de Vicente de Paulo, um pobre para os pobres, que bem encarnou o Sermão da Montanha. Disse que, na sua vida, Vicente procurou ser elo de comunhão e resposta para as chagas do seu tempo. Com simplicidade e humildade, numa entrega total, pautou a sua vida por um lema: “querer o que Deus quer, como Deus quiser, onde Deus quiser!”

Depois da Mesa Eucarística passou-se à Mesa do pão de cada dia. Com o trabalho e organização do Grupo paroquial ‘Santa Marta’ foi servida a toda esta multidão um almoço partilhado que deu para saciar o corpo e abrir espaço para o convívio e a partilha. Não faltou o bolo “400 anos de carisma”.

Ao início da tarde, o Superior Geral presidiu a uma reunião com a Família Vicentina. Deu a conhecer a largueza e amplitude desta Família e o muito que vai fazendo pelos vários continentes; sensibilizou os presentes para o momento histórico que vivemos e as respostas que somos chamados a dar; relembrou a mensagem que enviou para o dia 25 de Janeiro e o tema do ano Jubilar, que nos acompanhará ao longo dos doze meses: “Era estrangeiro e me acolhestes…”. Também avançou algumas das acções que, a nível mundial, serão levadas a efeito, a propósito da vivência deste Jubileu: maior intervenção na ONU, a peregrinação do coração de S. Vicente aos continentes, a peregrinação a Roma, com audiência com o Papa Francisco, em 13, 14 e 15 de Outubro e outras iniciativas.
Depois de um breve diálogo o Padre Geral deslocou-se à Casa Central das Filhas da Caridade, no Campo Grande-Lisboa. Depois de acolhido, na Capela da Medalha Milagrosa, com o Magnificat, deslocou-se à sala da Comunidade onde falou às Irmãs e celebrou o Ofício de Vésperas. Seguiu-se o jantar e um tempo de diálogo e convívio.

Trabalho e Visita a Fátima
O dia 30 começou cedo. Após a oração de Laudes, aconteceu o Conselho Provincial. Em powerpoint foi dado a conhecer a história da PPCM bem como as apostas e decisões para os próximos tempos. Depois de agradecer o acolhimento e a experiência vividos nestes dias, o Superior Geral relembrou as conclusões da Assembleia Geral/2016, a aposta na formação laical e na formação permanente, a necessidade de uma pastoral vocacional cuidada e maior atenção à Família Vicentina.
Como o Padre Geral nunca tinha estado em Fátima, por esse motivo e por ser o ano Centenário das Aparições, proporcionou-se ao P. Mavrič, um momento diferente: uma breve estadia, na Cova da Iria, onde a Virgem Maria apareceu a 3 simples crianças. Foi acompanhado por alguns responsáveis da CM e das FC. Em Fátima, houve momentos de oração aos pés da Virgem, vestida de branco, e de visita aos locais históricos, mais marcantes e significativos. Depois de uma pausa para almoço, na Casa da Medalha Milagrosa, em Fátima, urgia o regresso à capital para apanhar o voo que levaria o Superior Geral a outras paragens.
A simplicidade, humildade, proximidade, serenidade, abertura e paternidade foram atitudes que deixaram marca quer nos membros da FV quer em muitas outras pessoas que tiveram o condão de se cruzar com o P. Mavrič. Ficamos com a impressão de que o Superior Geral partiu feliz e contente. Nós também ficamos muito contentes e agradecidos pela sua presença. Prometeu voltar. Acreditamos que sim. Rezamos para que tal aconteça e para Deus o ajude na sua missão! 

P. Agostinho Sousa, CM
Secretário Provincial

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