segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A família, berço da paz e comunidade evangelizadora


Estamos em tempo natalício, tempo para a família, momento para manter e reforçar laços, iluminados pela Luz daquele que quis nascer numa família, ser acolhido num regaço de mãe e acariciado pelas mãos trabalhadoras de um carpinteiro, seu pai adoptivo. À luz deste quadro terno e exemplar, pode-se descobrir o papel evangelizador da família.

O Sínodo sobre a Família apresentou a missão educativa da família cristã como um verdadeiro ministério, por meio do qual é transmitido e irradiado o Evangelho de modo que a própria vida familiar se torna itinerário de fé e, de algum modo, iniciação cristã e escola do seguimento de Cristo. Na família, consciente deste dom, como escreveu João Paulo II, “todos os membros evangelizam e são evangelizados" (F. C. 39).

Na família "os pais devem ser para os filhos os primeiros anunciadores da fé" (LG.11 e 41); os esposos devem ser "um para o outro e para os filhos testemunhas da fé e do amor de Cristo" (LG. 35); “cooperadores da fé, reciprocamente, em relação aos filhos e a todos os outros familiares" (AA.11).

Um casal cristão está pois investido de uma verdadeira missão evangelizadora: ser para os filhos, uma proposta viva e credível de fé. Preocupar-se-á em que a mensagem cristã lhes chegue com o máximo de autenticidade e compreensão. E a mensagem tornar-se-á mais credível pelo testemunho da sua experiência de fé.



Missão Popular e a Família

Desde logo, a Missão assenta na base familiar ao constituir-se em Assembleias ou Comunidades Familiares. Famílias que abrem as suas portas, que acolhem os vizinhos que, tal como as primeiras comunidades, se reúnem à volta da mesa da Palavra, reflectem e rezam; que abrem a sua “igreja doméstica” e a alargam a outras, para se tornar a comunidade de todos e para todos: crianças, jovens, adultos, homens e mulheres, e se interessa por todos, a começar pelos doentes e sozinhos.

Se na primeira semana há o envolvimento das famílias ao ponto de serem o núcleo da comunidade das comunidades, na segunda semana da Missão, torna-se rainha, na Festa da Família, com a participação activa dos casais em toda a celebração, de modo muito particular na renovação do compromisso matrimonial. Pais e filhos, em uníssono, dão graças a Deus pela família, pelo amor, pelo dom e entrega.

No pós-missão, na continuação dos encontros das assembleias, a família volta a ter destaque, quando os grupos se juntam para reflectir o tema:Família – Igreja doméstica; Como rezas, como vives? Aqui, de movo se fala dos âmbitos da missão evangelizadora da família que passam pelo testemunho em família, pelo compromisso na edificação da Igreja e pelocompromisso no mundo. "As famílias, quer singularmente, quer associadas, podem e devem dedicar-se a múltiplas obras de serviço social especialmente a favor dos pobres e de todas aquelas pessoas e situações que a organização da previdência e assistência públicas não consegue atingir”. (FC.44).



Cultivar a paixão pelo bem comum da família

Com as palavras de Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz-2013, nas Missões ou fora delas, deve-se ter muito em conta que “os diversos obreiros da paz são chamados a cultivar a paixão pelo bem comum da família e pela justiça social, bem como o empenho por uma válida educação social” e que “ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, económico e político, pois ela possui uma vocação natural para promover a vida: acompanha as pessoas no seu crescimento e estimula-as a enriquecerem-se entre si através do cuidado recíproco. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projecto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz. É preciso tutelar o direito dos pais e o seu papel primário na educação dos filhos, nomeadamente nos âmbitos moral e religioso. Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor “ (nº 6).

A Sagrada Família fazia parte de um Povo, constantemente em peregrinação, o mesmo é dizer, um povo que se sabe, sempre a caminho: a caminho do Templo e a caminho do seu Deus. Fazem parte de uma caravana, de uma “comunidade de caminho” (synodia). Assim, a exemplo da família de Nazaré, cada um de nós, cada uma das nossas famílias, “num só coração e numa só alma”, devemos cultivar a paixão pela família de modo a que estas se tornem autênticas comunidades evangelizadoras e berço da paz.

P. Agostinho Sousa


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