quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Missão Popular: Discernir, simplificar e dar lugar à criatividade





A 14 de Outubro, em Fátima, na Casa da Medalha Milagrosa, aconteceu uma reunião extraordinária da Comissão das Missões. Estiveram presentes os Padres Pereira, João Maria, Manuel Mário e Agostinho, membros deste grupo de trabalho, bem como os Padres Manuel Nóbrega, José Alves e Fernando Soares, que foram convidados para uma manhã de reflexão sobre a Missão Popular, seus esquemas, dinâmicas, propostas, respostas, conteúdos e métodos.

O “sino tocou a rebate” e determinou a urgência deste encontro. A propósito de um pedido de Missão Popular para determinada zona/paróquia de uma das dioceses onde temos uma comunidade, depois de um encontro pessoal com o respectivo pároco, ao ser-lhe enviado o material existente e disponível para o conhecimento do caminho a fazer para a vivência da Missão Popular, o referido padre elogiou o esquema, método e doutrina da documentação apresentada, mas chegou à conclusão que naquele meio e com a gente que tem ao seu cuidado pastoral, não lhe era possível aceitar a proposta avançada.



Tal constatação levou a que nos déssemos conta de que há a realidade dos esquemas e da doutrina e há a situação concreta das pessoas e paróquias onde não há meios e gente para levar por diante a Missão Popular.

Uma vez que o Bispo daquela Diocese sugere que a animação missionária pode acontecer através dos Cursos de Cristandade e das Missões Populares, e sendo um campo aberto para levar por diante a reconfiguração das nossas actividades, não se podia adiar esta reflexão para o Fórum, em Abril, ou para outras reuniões desta Comissão, em outras datas.

A Missão, uma marca a preservar e a estruturar
Em diálogo aberto e partilha de experiências, falou-se da situação concreta e avaliou-se a “angústia” daquele pároco (e de outros) quando querem a Missão Popular e se vêem limitados com a escassez de meios humanos, físicos e até, económicos.

Quanto ao esquema, concluímos que ele serve, uma vez que é um auxiliar/base de trabalho, mas não está fechado à novidade, nem às condições reais do meio e do espaço a evangelizar, uma vez que são diferentes, com características próprias. Assim, a equipa, ou pelo menos o padre missionário, devem estar por dentro da realidade, visitando a localidade e ser ele, tanto quanto possível, a fazer a preparação.

Ao nível da preparação dos Animadores, os cinco encontros com cinco temas, devem ser mais acessíveis, pois são muito catequéticos e pouco práticos. São difíceis de interiorizar e exigem simplificação. O mesmo se pode dizer dos textos das Catequeses da Missão. Deverão ser simplificados, com apenas uma citação bíblica, que servirá de mote para a reflexão.



Cada vez mais, dada a complexidade da vida das pessoas, há muitas resistências que é preciso ultrapassar: comodidade - não querendo mais do que o já se tem; individualismo – cada um em sua casa, com as suas preocupações; falta de formação religiosa e bíblica - o que motiva uma certa apatia e, em alguns casos, um certo desconforto. O isolamento, a desertificação e o envelhecimento em certas zonas também são motivos que criam resistências, medos ou incapacidades. A arma a usar, nestes casos, é a insistência e a luta por ideais, por metas, tendo como objectivo a formação da Comunidade. O discernimento e o conhecimento da realidade levam a uma criatividade, rica e empenhada.

Sendo uma marca do ministério dos Padres da Missão, as Missões Populares exigem uma estruturação e um relançamento. Incidindo a reflexão dos presentes sobre uma zona concreta, falou-se da itinerância nesses locais levando a que nos nossos campos de acção, esta marca vicentina não só seja testada e experimentada, mas seja um objectivo a atingir.

A Missão deverá ter um tempo. Além da pré-Missão - tempo de preparação próxima e da Missão - tempo forte, deverá existir um timing de fim de ciclo. A indefinição de tempo da pós-Missão, leva a um desinteresse quase imediato ou a um arrastar-se sem objectivos definidos. A Missão, tal como está estruturada leva à construção da comunidade e dá voz à comunidade. Mas para que tal seja possível deverá ter-se em conta a formação dos leigos, nomeadamente, os animadores da (s) comunidade (s). Estes, sempre que possível, devem ser da comunidade a evangelizar e, mesmo a equipa missionária deve ser composta por pessoas da zona ou da diocese em causa.

Dimensão missionária da comunidade
A Missão Popular aparece nas paróquias como uma segunda oportunidade de 1º anúncio. Por isso exige sempre que se saiba o que fazer e como fazer, qual o princípio e o fim desta experiência. A dimensão missionária das comunidades deve estar sempre na mente de quem pede e de quem promove a Missão. Tanto quanto possível, em cada zona, deverão promover-se encontros de formação para animadores.

A nível de Província, quando se fala de reconfiguração, dever-se-á colocar a questão: “Missão e fixação do património”. Tal reflexão e convicção, prende-se com as casas que temos e a missão que somos chamados a fazer, sabendo-se que ‘o servo é aquele que está na casa do outro’.

Certezas e imperativos
Para que a Missão resulte e leve a uma vivência dinamizadora da comunidade paroquial o pároco tem que ser o primeiro a entrar em Missão. Ou o pároco entra na Missão ou não há Missão possível, pois ele será o garante da continuidade. Os animadores são uma outra peça importante para que a Missão leve a mudanças profundas na comunidade. Daí a necessidade de uma formação simples e adequada, mais bíblica e menos catequética, com linguagem simples e inteligível pelo povo. Daí a necessidade de produzir temas com linguagem adequada, com metodologia própria, com perguntas a exigir uma resposta.

Cada um dos participantes, no tempo da Missão ou da pós-Missão deverá ter em mão um exemplar das reflexões, levando-os, por exemplo, a sublinhar o texto, a repetir a leitura, a explicar por palavras próprias o que se leu, o que foi apresentado.


É caminhando que se faz o caminho. Como no início se afirmou, os esquemas para a Missão, pré-Missão e pós-Missão são um auxiliar, uma base de trabalho. Estão abertos á novidade e ficam enriquecidos com as realidades, experiências e propostas que foram preparadas e testadas em determinada região. Os esquemas não poderão ser impeditivos de uma resposta missionária a quem a solicite para um povo ou um local concreto. Ao missionário que prepara e, se não for o mesmo, ao que faz a missão, exige-se uma abertura de alma e de mente de modo a que possa transmitir sempre a certeza de que, como dizia Vicente de Paulo, a “Missão é Jesus Cristo”.

Depois desta reunião e após novo encontro com aquele Pároco, a Missão vai realizar-se não apenas na paróquia para a qual havia sido pedida, mas também para as outras duas paróquias que lhe estão confiadas.

O Fórum, em Abril próximo, aberto a missionários, párocos, animadores e a outros agentes pastorais terá como finalidade continuar esta reflexão. Todos estão convocados! De todos se espera uma participação activa, profunda e missionária.
P. Agostinho Sousa,
Comissão da Missões Populares
da PPCM

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