17 de Novembro. Mais um encontro de formação de Animadores, promovido pelo Centro Diocesano Missionário. Decorreu em Santo André, onde estava a decorrer uma Missão Popular. Apesar das condiçoes metereológicas adversas, trinta e cinco pessoas estiveram presentes para se alimentarem da Palavra e aprofundar as questões da fé.
Após apresentação e a oração inicial, o Cónego António Domingos Pereira, começou a apresentar o tema: "Ano da Fé e Missão", à luz da Carta Apostólica “A Porta da Fé”, que estruturou a sua comunicação de acordo com a sequência seguinte: Porquê o Ano da Fé, A fé em iniciativas eclesiais, Como se abre a porta da Fé, Preconceitos e falsas esperanças. Houve também o trabalho de grupo para reflexão sobre o tema, asconclusões, a oração final e o envio
Através da leitura atenta e orientada do documento (Carta Apostólica “Porta da Fé”), foi evidenciada a importância da fé na vida dos homens, da forma como se desperta, se aprofunda e se testemunha. A fé, enquanto dom, depois de anunciada e de acolhida de forma livre, requer unidade entre o acto e os conteúdos da fé, e nesta perspectiva foi sublinhada a importância do anúncio e do testemunho.
Anúncio “saboroso e luminoso”
A Palavra de Deus é anunciada, mas só se desenvolve na medida em que o coração se deixa forjar pela graça que o transforma. Atravessar a”porta da fé” é entrar num caminho que se redescobre e se alarga à medida que formos capazes de fazer um anúncio “saboroso e luminoso” (…não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida).
Deve-se, pois, readquirir o gosto de nos alimentarmos das coisas de Deus e acreditar sem medo. Crer em Jesus é o caminho para chegar à salvação. Daí as iniciativas eclesiais: Ano da Fé; Concílio Vaticano II (50 anos); Catecismo da Igreja Católica (20 anos) com o objectivo de mostrar a força e a beleza da fé; O Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização.
A renovação da Igreja realiza-se também por meio do testemunho dado pela vida dos crentes e, por isso, estes são chamados a fazer brilhar com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.
Intensificar o testemunho da caridade
A fé actua pelo amor e torna-se num critério de entendimento e de acção que muda toda a vida da criatura humana. Os conteúdos da fé, professada, celebrada, vivida e rezada devem estar em unidade com os actos que, como nos diz o apóstolo Paulo, “acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé (Rom 10,10).
O Ano da Fé será uma ocasião para intensificarmos o testemunho da caridade. A Fé obriga-nos a ser um sinal da presença do ressuscitado no mundo. O mundo de hoje precisa de testemunhos credíveis de todos os cristãos iluminados na mente e no coração, pela Palavra de Deus. Para novos tempos, novas formas de anúncio, tendo presente que o que conta é “santo poder do coração”.
Reflexão e trabalho de Grupos
Depois do almoço partilhado e bem preparado pela equipa da Missão de Santo André, reunimos em seis grupos para refletir um pouco, orientados pelas seguintes questões: Como se manifesta a crise de fé no meio em que vive? Quais são os sinais dessa crise? Tendo em conta as características fundamentais da catequese dos apóstolos, de que características se deve revestir o anúncio, a catequese do animador missionário? A fé é verdadeiramente a força transformadora da nossa vida, da minha vida? O que muda em quem tem fé? Perguntavam a Jesus: “ Que havemos nós fazer para realizar as obras de Deus?”
As respostas dos grupos, apresentaram conclusões comuns que passo a sintetizar: A crise de fé manifesta-se: pela ausência nas celebrações, nas catequeses, nos movimentos e nas vocações; pelo desinteresse pelas coisas de Deus, mesmo que se afirme que se acredita no Deus das coisas; pelo não investimento em matérias de fé; pelas manifestações de arrogância, vaidade, incoerência e dificuldade em assumir compromissos; pelo consumismo exagerado, pela falta de tolerância, pela falta do modelo de Cristo nas atitudes do quotidiano; Pelo relativismo extremo…cada um “é dono da sua fé”… Pela confusão em relação aos sacramentos…compram-se, mas não se vivem.
Pedagogia de Cristo e dos Apóstolos
O anúncio deve ser feito ao coração, usando a pedagogia de Cristo e dos apóstolos. Por isso requer: Obras, Verdade, humildade, coerência e consistência e deve ser modificador, testemunhal, respeitando os sinais do outro, mas acrescentando o sinal de Cristo Ressuscitado com luz, esperança e SOL.
A Fé muda tudo. Muda o olhar, o sentir e o fazer. Dizem que até muda a resistência à dor. Amar a Deus em primeiro lugar permite conseguir conciliar as tarefas da casa, da família, do trabalho com as “coisas de Deus” numa ligação de força, de crescimento, de entrega e de aceitação. Neste modo de ser e estar há mudanças para melhor nos contextos da vida familiar, social, profissional e relacional.
“Ir ao poço”…beber da fonte
Alguém que vive e celebra a fé, alimenta-a com sinais e atitudes: realizar as obras de Deus de forma “saborosa e brilhante” (não podemos deixar que o sal se torne insípido…); “Ir ao poço”…beber da fonte…beber de Deus, alimentar a fé, estando disponível e aberto para escutar e deixar que Deus entre no nosso coração; Trabalhar, não pelo alimento que desaparece, mas pelo que perdura…, ter como horizonte a eternidade; Crer que Jesus é palavra de Deus e se traduz no amor, no perdão e num projeto de vida global, abrangente que inclui a aceitação do outro com a misericórdia que permite ver Cristo “no outro”.
E assim, depois da conclusão e da síntese feita pelo Padre Álvaro Cunha, provincial dos padres vicentinos e membro da equipa missionária em Santo André, terminou este dia que foi um sinal mais neste nosso caminho de “aprendizes” de cristãos que querem abrir o coração e a razão à pedagogia de Cristo.
Maria Sebastiana Romana – Mértola
CDM/Beja
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