segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Missão, começou agora, em Santo André




 “Evangelizar, celebrar, comprometer-se” eram as palavras-chave para a Missão Popular que decorreu em Vila Nova de Santo André, de 04 a 18 de Novembro. Eram bem visíveis no cartaz de anúncio e traziam consigo mais uma tríade de desafios: “Missão, participação, corresponsabilidade”.


Ao longo de seis meses houve intensa e cuidada preparação. Desde cedo se percebeu que as dificuldades seriam imensas por causa da dispersão, das raças e culturas, dos horários laborais por turnos e de um sem número de razões com maior ou menor peso. Além do tecido urbano, nos seus vários e diferentes bairros, apenas foi possível avançar para o exterior, concretamente, para Deixa-o-Resto e Aldeia, tendo ficado de fora alguns montes e pequenos aglomerados populacionais.

Cidade pensada em grande, tem pouco mais de 10.000 habitantes, voltados para os empregos em Sines, ou então, regressados das antigas colónias e agora a viver um tempo de descanso, após anos de trabalhos e tormentas. A vida vai palpitando na gente nova, a correr para as escolas ou para as muitas actividades complementares e sedutoras. As relações de vizinhança e proximidade, mesmo havendo o Dia do Vizinho, são ainda muito ténues e quase exclusivas a um restrito grupo de amigos ou de conhecidos.

A paróquia de Santa Maria, com igreja sagrada em 1993, está a construir-se. Nova em idade, possui um outro centro de culto, no Bairro Azul, onde se encontram instaladas algumas das suas obras sociais (Farol e, até há pouco, o Esquilo), bem como o Jornal “O Leme”, o Agrupamento 581 do CNE, as salas de catequese e outros espaços comunitários. A maior parte das obras de assistência e de resposta social são dadas pelo Centro de Dia, também ele gerido pela paróquia.

Foi este o campo da Missão. Pedida pelo pároco, foi vivida por uma comunidade empenhada e desejosa de crescer. Não foram as multidões que aderiram, mas um punhado de gente que quer fazer caminho e está disponível para procurar e descobrir o valor da fé e do compromisso concreto na vida de todos os dias.



Comunidades, doentes, celebrações temáticas



A equipa missionária, composta pelos padres Álvaro Cunha e Agostinho, pelas Irmãs Celina e Gorete e pela leiga Joaquina Dias, contou com a presença e acção intensa do pároco, P. Novais. Após a Eucaristia de Envio, viva e interpelante, missionários e animadores foram fazendo comunidade, ao longo de quatro noites, em várias casas de família ou espaços comunitários. Foram tempos fortes de partilha, de reflexão, de catequese e de oração. “Eram assíduos”, pois o grupo dos participantes manteve-se ao longo das noites de temperaturas adversas. As nove comunidades nascidas para a Missão, nos seus ricos e profundos testemunhos apresentados na grande celebração das Comunidades, comprometeram-se a continuar a caminhada e a rasgar horizontes para levar a mensagem aos cantos e bairros da cidade. Com o nome dado às comunidades, pode-se concluir, em jeito de síntese, o compromisso assumido: “Em cada Despertar, como Peregrinos e Sentinelas, envolvidos pelo calor do Sol Nascente e da Teia da Fé, alimentados pelos frutos da Seara e da Videira, seremos Pedras Vivas e construtores da Paz”.

As escolas, a partir da disciplina de EMRC, foram espaço de Missão e terreno de encontro com os mais novos. O Fórum para jovens, o encontro para crismandos e crismados e o magusto, promovido pelo Agrupamento 518 e aberto à comunidade, foram espaços para acontecer tempo de Missão. A adesão, sobretudo nos dois primeiros, ficou aquém das expectativas, mas foi lançada a semente.

As visitas aos doentes no seu domicílio foram uma acção preponderante neste tempo de Missão e que ocupou boa parte do tempo dos missionários. Alguns deles, foram visitados pelo senhor Bispo, no sábado da primeira semana, dia que ele dedicou à Missão, participando em pleno, nos trabalhos desse dia. A visita aos doentes e pessoas que vivem em solidão é um dos grandes desafios deixados pela Missão.

Ao longo da segunda semana, as celebrações temáticas (Palavra-Bíblia, Fé-Luz, Igreja-Água, Reconciliação-Fogo, Família-Aliança, Maria-Estrela da Evangelização) trouxeram à Casa da Igreja algumas dezenas de pessoas, atentas e disponíveis, desejosas de beber a mensagem e assumir compromissos. Uma vez mais, não sendo multidão, foi um grupo coeso que viveu intensamente estes momentos celebrativos. O seu testemunho chegou a outros que, lamentando a sua ausência, perguntavam como poderiam começar a fazer caminho.

Além destes encontros, aconteceu um tempo de formação para animadores de comunidade, aberto à Diocese, orientado pelo Vigário Geral. Santo André respondeu com uma participação muito significativa e interessada; Mértola e Minas do Lousal também marcaram presença. Talvez a chuva tivesse impedido a participação de muitos outros. Quem participou, deu por bem empregue o tempo e o esforço gastos nesta acção importante e necessária.



Confirmadas na Fé para a Missão


A Missão começa agora. O tempo intenso e forte dá lugar à pós-missão e abre espaço para a vivência do compromisso e da corresponsabilidade.

O senhor Bispo presidiu à Eucaristia de encerramento e confirmou na fé, com o sacramento do Crisma, um grupo de oito jovens senhoras a quem lançou o desafio de “viverem segundo as obras do Espírito” e a comprometerem-se activamente na vida da comunidade, a partir da família e dos espaços em que vivem o dia-a-dia. As Assembleias, o Agrupamento 581, no ofertório, trouxeram bens alimentares para serem distribuídos a instituições de caridade.

O pároco, além de agradecer a presença do senhor Bispo e dos Missionários, lançou desafios concretos à comunidade, de modo particular, o cuidado com os doentes e a formação dos animadores, bem como a educação cristã da gente nova e a participação na Eucaristia dominical, fonte de comunhão e força para a vida. Não esqueceu os Seminários e as vocações sacerdotais, religiosas, missionárias e à vida matrimonial.

No final, no refeitório da Escola EB4, teve lugar o almoço partilhado onde, para além de se poder saborear as iguarias diversas e apetitosas, se podia ver um powerpoint com os vários momentos da Missão.

As expectativas poderiam ser altas, mas a realidade apresentou um rosto diferente: Não foi multidão, mas comunidade adulta e presente; não chegou ao longe e ao perto, mas solidificou fundamentos e abriu fronteiras; não atingiu tudo e todos, mas tocou fundo nos que se abriram à mensagem. Foi bom ter acontecido a Missão em Santo André.

Há gente empenhada, pessoas muito disponíveis, vontade de fazer (ser) mais e melhor. A Missão, começou agora, em Santo André.



P. Agostinho Sousa

CDM/Beja

Sem comentários:

Enviar um comentário