quinta-feira, 22 de novembro de 2012

REUNIDOS E UNIDOS PELA MISSÃO DE JESUS




“Ide e ensinai todas as nações!”                         

A missão de Cristo continua através dos séculos na sua Igreja. Depois de rezar ao Pai, reuniu os seus Apóstolos a quem chamou amigos e enviou-os para serem testemunhas e transmissores da missão que o Pai lhes confiou. Deu-lhes um Mandamento Novo, revelando os segredos mais íntimos do seu coração, o segredo mais profundo de vida em comunhão com a Trindade Divina, Mistério insondável de Deus! Recomendou-lhes o amor mútuo e que, por este motivo, seriam conhecidos. E enviou-os em missão: “Ide, pois, ensinai todas as nações batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. Eu estarei convosco até ao fim do mundo.” (Mt.28,19-20)



O grupo missionário

Era constituído pelo Pe. António Novais, pároco residente, pelo Pe. Agostinho (cabeça da equipa) e responsável diocesano pelo Centro Diocesano Missionário da Diocese de Beja, pelo Pe. Álvaro, provincial dos Padres Vicentinos, em Portugal, pela Irmã Gorete (Espiritana) com caminhada de outras missões, pela Irmã Celina Fraga, (Religiosa do Bom Pastor) e pela Joaquina Dias, da paróquia de Santa Luzia.



O vaivém da Equipa

Embora as duas últimas missionárias já se conhecessem, participar numa Missão Popular era para nós uma experiência nova e interrogativa: “o que fazer?” “Como fazer?” Como quem abre os olhos, aprender para ser úteis dentro das nossas possibilidades e limitações.

Foi interessante a nossa caminhada, porque enquanto nos sentíamos um pouco debruçadas sobre nós mesmas íamos descobrindo o nosso lugar como evangelizadoras; à Joaquina, a tensão arterial foi fora do normal, tendo que ir mesmo às urgências do Hospital Litoral Alentejano. Da minha parte reagi dizendo algumas vezes: “ não era preciso tanta gente!”, “que até estávamos a dar muito trabalho às pessoas!”.

Os Missionários, habituados a estas e outras “inseguranças” sorriam, e ao mesmo tempo, atentos ao que isto ia dar. Quando a Ir. Gorete teve que sair, virou-se uma nova página. A nossa preocupação foi responder por nós e querer também fazer o seu lugar para que nada faltasse. Seguidamente, foi a vez do P. Agostinho sair, para fazer uma cirurgia (septoplastia), marcada há poucos dias para esta data. (Parecia-me que não deveria ser nesta ocasião segundo a minha maneira humana de ver as coisas, etc. etc.). Como tive que ir a Fátima a uma reunião da Congregação do Bom Pastor e não podia faltar, senti uma responsabilidade de tudo e de todos. Então “vinguei-me” em rezar com intensidade em todo o tempo e lugar, pedindo ao Céu e à terra. Se encontrava pessoas conhecidas, pedia oração para os que ficaram na frente da missão para que tudo corresse bem. E também para que Nossa Senhora enviasse os seus Anjos ao hospital para que o P. Agostinho recuperasse o mais depressa possível. (Parece que Deus ouviu).

Ao longo de toda missão notei que Deus não precisa de nós porque é Ele quem faz tudo, apenas quer a nossa disponibilidade e generosidade, fazendo tudo com muito amor; quer as coisas grandes, quer as mais pequenas, levando-nos assim a compreender o seu projecto de Salvação e de amor que tem sobre nós. Pela nossa impotência e fragilidade vamos descobrindo quanto Deus nos quer bem e nunca se impacienta connosco. E por isso tudo são lições que nos ajudam a caminhar mais para Ele e para os Irmãos.



O meu chamamento

Jesus ao chamar-me para O seguir mais de perto, (até já antes) fascinou-me o mandato de Jesus “ide”. Logo depois da primeira formação fui convidada a partir para Angola, dos 26 aos 46 anos de idade. Foi uma missão, e apaixonante. Este ardor da missão nunca me faltou, embora depois que regressei, tivesse outros contornos diferentes. Sempre belos, onde me senti sempre muito feliz dando o meu melhor: na comunidade, no apoio à família, quer tratando das Irmãs que precisavam dos meus serviços, quer depois no Santuário de Nossa Senhora do Rosário em Fátima, como enfermeira no Posto de Socorros. Foram momentos altos, que muitas vezes parecia tocar o Divino e o Inefável; por vezes nas multidões, na relação da partilha de tantos testemunhos dos Peregrinos, dos Médicos católicos que, desinteressados e felizes, atendiam a todos com o amor e ternura de Maria. O mesmo testemunho de tantos outros Voluntários, Trabalhadores, Servitas, etc. Alguém dizia: “ Fátima é uma universidade aberta”. Aprende-se a santidade com os pequeninos. Basta dizer como Nossa Senhora ensinou a oferecer: “Ó Jesus, é por vosso amor e pela conversão dos pecadores!”.



A missão em Vila Nova de Sto. André

Foi uma vivência profunda para mim mesma: estar, de novo, completamente voltada para a Missão da Igreja, presente na diocese de Beja, que hoje continua no aqui e agora; procurando testemunhar com simplicidade, alegria e amor, pois, como diz o Santo de Assis “é dando que se recebe!”.

Achei a comunidade Paroquial de Santo André bem estruturada, a começar pelo seu pároco: uma pessoa dinâmica, apostólica, simples e humilde como quem tudo aprende, sendo ele o responsável da Pastoral diocesana. Os seus colaboradores mais próximos, Catequistas, Escuteiros, Animadores das comunidades ou Assembleias Familiares, foram todos incansáveis ajudando em tudo o que lhes era pedido.

Pessoas bem preparadas, conscientes da missão que lhes foi confiada, eram os missionários do terreno, tudo fizeram pelo melhor e para que a missão desse os frutos saborosos de salvação e vida.

A participação não foi de multidões mas sim um número suficiente para o fermento levedar. Foi belo ver as famílias que nos serviram as refeições a tempo e horas, receber-nos sempre com carinho, amizade, bondade, alegria. Foram momentos de partilha fraterna. Quase todos achavam o tempo muito reduzido, querendo partilhar a vida pessoal, familiar, as alegrias e as angústias que pudessem existir.



Doentes

É sempre momento importante para mim contactar com os doentes, com os mais frágeis porque podem partilhar com alguém que os ama nas suas dores, angústias, limitações, aborrecimentos e, muitas vezes, na sua solidão. Ao mesmo tempo, manifestam confiança, resignação que lhe vem da fé em Jesus Cristo que tanto nos amou e se entregou por nós para sermos curados e libertados do maior mal que nos oprime, o nosso pecado.

Ficaram felizes e com maior esperança, sobretudo aqueles que se prepararam e receberam a visita do senhor Bispo, D. António Vitalino, o qual lhes administro a Santa Unção de cura e de consolação.



Agir na missão de Cristo e da Igreja

A Missão foi uma experiência de partilha de dons, de novos amigos e amigas no Senhor, foi um viver em comunidade diferente mas, escolhida por Deus, para actuar e agir na missão de Cristo e da Igreja, levando a Boa Notícia que Jesus está Vivo e é capaz de nos fazer felizes, neste tempo e neste lugar, através do seu Sacrifício Eucarístico que se renova continuamente.

As celebrações foram bem preparadas e vividas por todos os que nelas participaram; pelos símbolos, sinais e vivências de cada um, foi possível viver e partilhar, levando todos os dias para casa como um resumo, um compromisso comunitário.

No fim alguns diziam: “estou encantada com a missão”, “ gosto tanto dos missionários, quem dera que ficassem mais tempo connosco”, “isto havia de ser todos os anos”, “é uma alegria estarmos todos unidos e reunidos a viver a nossa fé”.

O ponto alto da caminhada foi a presença do nosso Bispo, o Crisma de oito senhoras e o almoço partilhado entre todos. Cada um saiu alegre pelas maravilhas que Deus operou em todos e em cada um, com vontade de continuar a celebrar, evangelizar e comprometer-se.


Colos, 20-11-2012

Irmã Celina Fernandes Fraga

(1ª Missão Popular)




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