O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização em Portugal disse à ECCLESIA que o “problema” na transmissão da fé está do lado de quem anuncia, pedindo “fidelidade” à mensagem original de Jesus.
“O problema não estará tanto do lado das pessoas que não querem ouvir, mas no nosso lado, que anunciamos em nome próprio, juntamos as nossas opiniões, damos uns retoques de última novidade”, refere D. António Couto, em entrevista hoje publicada.
O bispo de Lamego considera que a demasiada preocupação “com as últimas novidades, com as últimas fórmulas” leva a esquecer o “fundamento que é Jesus Cristo”.
“O Evangelho de Jesus, como Ele o diz e o faz acontecer, é a metodologia mais revolucionária que conheço”, sustenta o prelado, para quem não é “necessário inventar coisas novas, nem em termos de métodos nem de expressões”.
Esta metodologia, acrescenta, supõe uma Igreja com “bons líderes”, do clero aos leigos, que “não indiquem caminhos abstratos às pessoas, mas que caminhem com elas”.
D. António Couto vai participar na 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer entre os dias 7 e 28 deste mês, no Vaticano, sobre o tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.
Antecipando as preocupações que vai transportar, o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização admite que o “adjetivo novo” pode “trair” os católicos.
“Não precisamos de ser novos noutra dimensão. Temos de ser novos com Jesus. Diria mesmo: novos como Jesus foi, completamente novo no seu tempo”, explica.
Para este responsável, é necessária “fidelidade” ao modelo e à vida de Jesus para implementar uma “nova maneira de presença cristã no mundo”.
O bispo de Lamego admite que a expressão “nova evangelização” visa sobretudo o “Ocidente descristianizado, assético, indiferente, anestesiado”.
“Por isso é preciso nova força, nova dinâmica, nova capacidade de nos colarmos mais a Jesus Cristo para sermos capazes de levar a sua mensagem às pessoas de hoje, quer às crentes que precisam de ser confirmadas e formadas na sua fé, quer àquelas que não acreditam ou que nunca foram despertadas para isso”, observa.
D. António Couto sublinha, a este respeito, que a Igreja Católica “não pode ser aérea e etérea”, mas tem de estar “plantada no meio das pessoas”, através de uma “rede no terreno” que assuma esse trabalho.
Em relação ao próximo Sínodo, o prelado espera que a assembleia de bispos possa “encontrar um fio condutor” para abordar a “vastidão de ideias e problemas existentes”.
O bispo de Lamego, que vai participar nesta reunião magna em nome da Conferência Episcopal Portuguesa, juntamente com D. Manuel Clemente, bispo do Porto, conta levar ao Vaticano “três ideias” fundamentais.
“Viver em Igreja é viver em sínodo, no caminho, na casa, reunidos, em conjunto; a Igreja é uma Igreja que anuncia, da anunciação, que anuncia completamente vinculada a Jesus, porque o anunciador não diz tanto a sua mensagem ou a sua opinião, mas diz a mensagem de quem os envia, no nosso caso a Jesus; a Igreja é uma Igreja da fidelidade, não tanto da novidade”, revela.
PR/OC
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