sábado, 19 de janeiro de 2013

Encontro da CEVIM – Transmissão da Fé (2)


Missão Popular em dois tempos

Coube ao P. Nélio Pita (Portugal) o primeiro tempo sobre a “Missão Popular”. O relógio e os organizadores pregaram uma partida ao P. Nélio: foi-lhe reduzido para metade o tempo que lhe tinha sido indicado para a exposição que lhe foi solicitada. Passo a passo, seguindo o percurso de Vicente de Paulo, com calma e saber, o P. Nélio apresentou o tema em questão.
As novas tecnologias ajudaram a fazer o caminho desta comunicação: Além da introdução ao tema, o contexto do grande século foi objecto de referência para se entender a pessoa de Vicente de Paulo e o surgir das Missões, entre os anos 1618-1625. Neste ponto foram tocados dois aspectos: Folleville e a descoberta das Missões e a passagem de um projecto pessoal a um projecto institucional, tal como se referiu o próprio Vicente de Paulo ao afirmar: “Que dita a nossa, os missionários, poder demonstrar que o Espírito Santo guia a sua Igreja, trabalhando como trabalhamos para a formação e santificação dos pobres” (XI, p. 729). Um dos momentos chave para a Missão foi o contrato de Fundação, em 1625, sobre o qual o Santo fundador diz. “…Indo de aldeia em aldeia, pregando, exortando, ensinando em público e em privado os mistérios da fé necessários à salvação, que a maioria ignora por completo, dispondo os fiéis a fazer uma confissão geral” (I, 122).




Sobre as Missões e o modo de as fazer foram realçadas três áreas importantes: a pregação, a catequese e os sacramentos, de modo particular, a confissão, a qual também produzia efeitos sociais (manifestação de conversão, reconciliação, restituição, contenção e resolução de conflitos). A caridade, acompanhava sempre a pregação pois era necessário “…Honrar o amor que Nosso Senhor tem aos pobres” através da assistência espiritual e corporal”, como sempre dizia o Santo aos missionários.
Em jeito de conclusão, mas também de reflexão e provocação, o P. Nélio, partindo deste pensamento de Vicente de Paulo “… não há na Igreja de Deus uma companhia que tenha como tesouro próprio os pobres e que se entregue por completo aos pobres para não pregar nunca nas grandes cidades; é a isto a que os missionários fazem profissão: a sua especialidade é dedicar-se, como Jesus Cristo, aos pobres. Por tanto, a nossa vocação é uma continuação da Sua…” deixou em aberto a questão: Que Missão? Como qualquer organismo vivo, a comunidade nascida do projecto das Missões, evoluiu e ocupou-se de outras obras. O mesmo fez Vicente de Paulo, mas mantendo sempre as Missões como prioridade. Hoje, deveríamos reflectir criticamente, partindo das nossas realidades concretas, se esta evolução não ultrapassou, em muito, os parâmetros que configuram a nossa identidade como Instituto Missionário que nasceu e se chama “da Missão”.

O segundo tempo foi usado pela Província do Médio Oriente (Líbano, Egipto, Jerusalém, Síria) para testemunhar a forma de fazer a Missão Popular Vicentina, naquela região. As equipas missionárias, compostas por sacerdotes e leigos, organizam-se e fazem tempos de formação, que requerem amor à vida missionária, pertença a grupos de cristãos comprometidos e alguma disponibilidade. Uma missão faz-se ao longo de 3 anos. No primeiro, cerca de um mês, em que se faz o tempo da pré-Missão, para conhecer e contactar; no segundo, cerca de três a quatro semanas, entre vinte a trinta leigos fazem catecismo, visitas às famílias, aos idosos e doentes enquanto o sacerdote celebra, prega e confessa. No terceiro, é tempo de criar e investir nos núcleos missionários para assegurar a continuidade. Investe-se na formação dos grupos, onde o pároco está presente e faz-se um calendário de encontros. O P. Charbel Khoury afirmou que não há muitas Missões naquela zona e que As Missões Populares não são a actividade principal da província do Médio Oriente. Disse ainda que as Missões são totalmente gratuitas e que, mesmo assim, sentem muitas dificuldades, pois estas não são prioridade para os Bispos e os párocos são pouco sensíveis a esta forma de fazer evangelização.

Em tempo de partilha o P. José Luis Castillo, da Provincia de Madrid e coordenador da EMVE (Equipa Missionária Vicentina de Evangelização), apresentou o programa de formação para os dias 25, 26 e 27 de Janeiro, subordinado ao tema geral “Presente e futuro da Evangelização na Espanha”. Este confrade, em conversa de corredor e, posteriormente, por comunicação escrita, lançou-nos o repto para se reatar o caminho feito no sector das Missões Populares pelas Províncias de Espanha e de Portugal.

P. Agostinho Sousa, CM


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