segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

“SULCOS DE MAR”






O P. Manuel Tolentino Quintal da Nóbrega, mais conhecido por P. Nóbrega, celebrou 50 anos de Sacerdócio em Julho passado e, em Marinhais (Zona Pastoral de Salvaterra de Magos), a 22 de Julho, no Salão das Festas daquela Vila, e na presença de centenas de amigos, foi apresentado o Livro “Sulcos de Mar”, composto por muitos e seleccionados textos e reflexões que ele foi fazendo ao longo dos anos e nas mais diversas circunstâncias.



Tive a honra e o privilégio de ser convidado para fazer a apresentação desta obra de saber e com sabor. Como o P. Nóbrega anda por muito lado, é conhecido por muita gente e muitos podem deliciar-se com estas páginas, transcrevo o texto da apresentação. O livro, esse pode ser pedido aos Colaboradores da Missão Vicentina ou procurado nas paróquias Vicentinas ou em qualquer dos Ramos da Família Vicentina. Este livro tem o preço de capa de 15€ (quinze euros), os quais se destinam totalmente à Missão.



“Uma saudação a todos e a todas que, neste dia, de perto e de longe, por amizade e por reconhecimento, quiseram manifestar a sua alegria e o seu contentamento, pelo dom dos 50 anos de sacerdócio do amigo P. Manuel Nóbrega e com ele quiseram dar graças a Deus, que se faz dom, nas pessoas e para as pessoas.



Começo por citar o Salmo 64 (65), que diz: “A Vós, ó Deus, é devido o louvor” e num dos seus versículos (11), reza: “Visitastes a terra, regais os seus sulcos e aplanais as leivas”, terminando deste modo: “tudo canta e grita de alegria”. A oração pelas vocações vicentinas, em determinado momento, pede ao Senhor da Messe que “visite a vinha que Sua mão plantou e que inunde de águas fecundas os seus sulcos.



Ao trazer a este momento estas duas formas de rezar, quis olhar para a terra que conhecemos e trabalhamos, com os seus sulcos necessitados de água fecunda, de água viva. Não vou apresentar um campo qualquer, mas a imensidão de um mar, azul e ondulante, misterioso e profundo, imenso e próximo: “Sulcos de Mar”, UM LIVRO, com nome e autor, com vida e entrega, com memória e com utopia.



Seu autor: Manuel Nóbrega, madeirense, padre, vicentino. Nascido na Madeira, entre o verde e as flores, habituou-se a ver o azul do céu e do mar. As estrelas, nos seus rastos levavam sonhos de menino; os sulcos do mar, abertos pela força dos barcos, rasgavam horizontes de vida, transportavam mensagens de esperança. Todos conhecemos o P. Nóbrega. Sem querer fazer uma biografia, penso que no mar imenso da sua vida, há duas linhas bem definidas: a fé e o dom. Estas linhas, entrelaçadas com a esperança, geraram o amor, o serviço, a disponibilidade, a clarividência, a lonjura de olhar e de pensamento. Habituado a atravessar mares, sempre soube encontrar a bonança e ser farol, em tempo de tempestades.



“Sulcos de Mar” é nome de livro mas, mais do que isso, é vida, é família, é meditação, é caminho, é partilha, é presença. Mensagens e poemas, reflexões e músicas, mil e um motivos e modos de dar à vida, um sabor novo e fresco, podem marcar encontro com quem quiser lançar-se à descoberta dos tesouros deste mar. A trama deste manancial de momentos de interioridade e de comunhão, foi tecida com linhas de presente e de futuro, com história de vida e de vidas, com a juventude de quem sonha e com a maturidade de quem pisa o chão da experiência e a sabedoria daqueles que se abrem aos dons do Alto.



Ao longo desta viagem, além da multiplicidade de temas que espelham a alma do autor, aparecem-nos três personagens que são os motores da vida e da história do homem-sacerdote, P. Manuel Nóbrega: Jesus Cristo, Irmão e Emanuel, a Virgem, Senhora do Sim, de olhar rasgado e mãos abertas, e Vicente de Paulo, o Santo da caridade. No desfiar as páginas, no beber das palavras, não é difícil descobrir o selo do Espírito, vento impetuoso ou calmo, que faz mover a vida daqueles que se abrem ao amor-comunhão com o Pai e com os irmãos.



A palavra, a cor, a imagem, oferecem-nos belas liturgias de louvor e de acção de graças: Natal e Páscoa, homens e mulheres, pobres e doentes, consagrados e famílias, acontecimentos e momentos, tudo se torna motivo para descobrir a beleza do Criador e das suas criaturas, as quais são convidadas a "fazer coisas belas, mas, sobretudo, a tornar as suas vidas lugares de beleza", como disse Bento XVI, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém.



António Machado, num seu poema, ao mesmo tempo, desafiante e interpelativo, diz: “Caminhante, são teus rastos / o caminho e nada mais; /Caminhante, não há caminho, / faz-se o caminho ao andar. / Ao andar faz-se o caminho, / e ao olhar-se para trás / vê-se a senda que jamais / se há-de voltar a pisar. / Caminhante, não há caminho, / somente sulcos no mar.”



Sulcos no mar e “Sulcos de Mar”, não são a mesma coisa, mas deixam marca. E, ao longo da vida, o desafio é fazer caminho e ser caminho, um caminho próprio, com rumo e meta. Tudo isto e muito mais, podemos encontrar neste Livro que hoje, em dia de Bodas de Ouro Sacerdotais do P. Nóbrega, nos é apresentado como testemunho de vida, expressão de fé, comunicação de experiência e de saber.



“Sulcos de Mar”, não tem idade. Ao longo de muitos anos, o P. Nóbrega, escreveu mensagens, fez poesias e músicas, fez-se voz na Marinhais FM, animou retiros e reflexões, em vários ambientes e para muita gente. Havia textos e contextos, imensos e ricos mas, apesar dos desafios e apelos, faltava um pretexto para a edição de um Livro. As Bodas de Ouro Sacerdotais foram a chave que abriu a porta para que este trabalho visse a luz do sol.



E, porque a amizade sincera e forte faz milagres, a Maria da Luz Barreira, com paciência, dedicação e persistência, procurou, selecionou e trabalhou todo um mar de documentos e de reflexões do P. Nóbrega, dando-lhe forma, sequência e visibilidade. Se, ao longo dos anos, sulcos havia, e em abundância, hoje, temos “Sulcos de Mar”, como bússola e bordão para o caminho. Um obrigado, grande e merecido, à Maria da Luz, pelo empenho e ousadia por fazer acontecer esta obra.



Como livro que é, tendo por autor um Padre da Missão, ao ser colocado à venda, “Sulcos de Mar”, continua a ser partilha em missão. O valor de capa do “Sulcos de Mar”, na sua totalidade, reverterá em favor da Missão Vicentina. De quem o fez é um gesto de gratuitidade e partilha, de quem o levar, para si ou para oferta, é colaborar e participar na obra da difusão da Boa Nova de Jesus Cristo.



Agradecendo a vossa paciência e atenção, desafio cada um dos presentes a atravessar o mar das distâncias e adquirir o livro, não apenas como recordação de uma efeméride, mas como um bom amigo que ajuda a ler com outros olhos a vida, as pessoas e o mundo. É preciso arriscar, sair do lugar, dar passos em frente, sentir-se interpelado!



Para terminar, e mesmo sem a presença da companheira fiel do P. Nóbrega, com seus acordes e melodias, neste momento apetece-me, com ele e convosco, cantar a uma só voz: “Vou cantar, Senhor, as Tuas maravilhas!” Parabéns, P. Nóbrega! Muito obrigado!“



(P. Agostinho Sousa, CM)

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