terça-feira, 7 de junho de 2011

Missão Popular em Fornos de Algodres - Testemunho

No princípio…
… era a dúvida: será que vamos conseguir “mobilizar” os cristãos da nossa paróquia, do nosso Arciprestado? Será que vamos conseguir “motivar” aqueles que, até são baptizados mas andam afastados da vida e prática cristã? Como fazer chegar às nossas gentes, os objectivos, a mensagem, aquilo que pretendemos com uma “Missão Popular”???
       Nas reuniões de preparação dos animadores das comunidades familiares, “navegávamos” mesmo num mar de incertezas e todos íamos perguntando “ - Será que vai resultar?” Julgo que as nossas dúvidas se mantiveram mesmo até às 21.00h do dia 16 de Maio, hora e dia em que, maioritariamente se reuniram as assembleias familiares. Algumas houve, que apenas dois ou três dias antes do dia marcado decidiram qual o local de reunião da Assembleia Familiar!
       No entanto, no final da primeira reunião, os medos e incertezas começaram a dissipar-se, tal foi a participação e envolvimento dos intervenientes nas Assembleias familiares. Que sensação de descoberta (melhor dizendo, “redescoberta”)! Afinal, as dúvidas e certezas sobre a vida cristã, não eram uma exclusividade individual, eram comuns a tantas outras pessoas, algumas delas que nós julgávamos cristãos convictos e muito esclarecidos na fé! Creio que essa foi a certeza que mais nos uniu em Assembleia: identificámos um outro ponto comum – além de sermos cristãos, todos temos dúvidas, todos precisamos e esclarecer mais a nossa fé e é mais fácil crescer, justificar a fé se o fizermos em conjunto, se o fizermos em COMUNIDADE! Ao cabo e ao resto, foi como descobrir o óbvio, o evidente: sem vida em comunidade, somos cristãos mais débeis, mais frouxos, “coxos” numa caminhada que nos deve conduzir à vocação primeira, isto é, à SANTIDADE! Mais curioso ainda, foi partilharmos a nossa vida em Igreja com os nossos conhecidos, com os vizinhos que moram bem perto de nós!
       Foram quinze dias de alegres redescobertas, de fortalecimento na fé, de compreensão do verdadeiro significado do sacramento do BAPTISMO.
       Se a primeira semana foi de descoberta daquilo que nos caracteriza e une, a celebração de partilha que vivemos no sábado, 21, na igreja matriz de Fornos deu, a cada um, o sentido de grupo que cresceu e partilhou fé e, sendo todos diferentes, todos unidos formamos IGREJA.
       A segunda semana de missão foi rica (muito rica!), nas celebrações eucarísticas que celebrámos, dedicadas, cada uma delas, a um tema específico: Palavra, Fé, Igreja e Família. Qualquer uma delas foi por mim vivida de forma muito intensa e profunda, mas, a última teve um significado especial: a renovação dos votos matrimoniais. Cerca de trinta casais partilharam espaço, palavras, gestos e, em comunidade, renovaram os compromissos assumidos no dia dos seus matrimónios. Momento forte, veemente, que tornou presente na minha memória alguns que já partiram deste mundo e as minhas filhas que, estando longe, senti tão perto! Também as famílias que passam por dificuldades e sejam estas de que ordem for, acharam-se incluídas na minha oração.
       As celebrações da Via lucis em Figueiró da Granja e a oração Mariana na Capela da Sr.ª da Graça em Fornos, foram pontos altos de partilha de reflexão, de oração e de crescimento espiritual: nem a chuva de sábado nos fez arredar pé da capela!
       A celebração da Eucaristia dominical no dia 29, não encerrou a “missão” – deixou-nos um misto de saudade e, ao mesmo tempo, de co-responsabilidade na construção de uma Igreja familiar, paroquial, arciprestal, diocesana, universal. A “despedida” do Pe Fernando e da Ir. Zulmira, não foi fácil. Entre palavras e gestos de gratidão, via-se já a saudade e a falta da partilha do tempo na oração de Laudes, da alegria contagiante do Pe Fernando, da presença, sempre discreta mas atenta da Ir. Zulmira… São amigos que nos ajudaram a estabelecer e a fortalecer laços e que jamais esqueceremos e a quem muito agradecemos o contributo e testemunho dados, quer seja nas Assembleias Familiares, quer nas escolas e encontros de catequese com as crianças e jovens, quer junto dos mais débeis e sós, como os doentes e idosos, que visitaram nos lares, ou em suas casas. Para mim, foi particularmente gratificante partilhar com eles a minha casa, o tempo de refeição, a preparação das celebrações…
       Como comunidades, igualmente gratos devemos ficar ao nosso bispo, Sr. D. Ilídio, que em tão boa-hora alvitrou a realização desta “Missão Popular” e aos nossos párocos, particularmente ao nosso arcipreste, Pe Abel, que, de forma generosa e abnegada se esforçou por a todos acudir, apoiando, esclarecendo, emprestando a sua presença na busca de resolução de dificuldades surgidas.
       A “Missão” não terminou no dia 29 de Maio. Uma das formas de a “perpetuarmos” entre nós, é continuarmos unidos, convidando outros irmãos em Cristo a participar nas Assembleias Familiares, procurando mais esclarecimento na fé, mais oração e mais partilha do que somos e temos para dar. Se assim fizermos, estaremos mais conscientes da nossa MISSÃO DE EVANGELIZADORES, seremos mais IGREJA e mais capazes de responder ao mandato que Cristo nos deixou: “Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova!”
                                                                                                                                  Fernanda Cunha