terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Missão Popular na “Aldeia mais típica do Ribatejo”




Estamos a viver o tempo da Quarema neste Ano da Fé. A estas duas propostas da Igreja, na Glória do Ribatejo, vive-se uma Missão Popular Vicentina, um momento de encontro com a Palavra de Deus, de reflexão e oração, de partilha fraterna e de aprofundamento da Fé. Enviados pelo Bispo Diocesano, a equipa missionária e os animadores, em 16 casas, com a força do Espírito Santo, formaram outras tantas comunidades onde, durante quatro noites, irradiou a alegria, a amizade e o desejo de continuar a fazer a experiência das primeiras comunidades de Jerusalém.

No sábado, dia 23, no Salão da Casa do Povo, na celebração da grande comunidade, os testemunhos destes grupos da missão, ricos de conteúdo e de desafios, tocaram fundo no coração das centenas de participantes. Os cartazes apresentados e os testemunhos, traduzem o crescimento interior desta gente, e dão conta de tudo quanto de bom e belo aconteceu nesta terra antiga e cheia de tradições.

No Livro Sagrado, na liturgia e na caridade aprendemos a conhecer o Senhor. Esse Senhor transfigurado, que aos discípulos manda fazer caminho no sopé da montanha, esse Senhor, às gentes da Glória do Ribatejo, neste tempo de Missão chama e manda abrir o coração.

Nestas duas semanas, e todos os dias, Ele, o Bom PastorCaminho e Fonte de Água Viva, que naquele tempo subiu a uma Barca, continua a anunciar a Boa Nova. A partir do nosso Baptismo e agora com esta Missão Popular, Ele torna-nos ainda mais Guardiães e Mensageiros da Palavra, faz-nos Despertar para que, unidos como os Ramos da videira e amassados como o Grão de trigo apurado na Eira, sejamos Pedras Vivas formando uma Corrente de Paz, de União e de Partilha. Isto é viver a Missão, é descobrir o Caminho a seguir! (*)


O Senhor, uma vez mais, quer fazer aliança connosco, convocou-nos e interpelou-nos com a sua Palavra. Fez-nos propostas de vida e de verdade. Não nos cansemos de O escutar, procuremos ser firmes na fé, ao jeito de Abraão, de Paulo, de Vicente de Paulo e de tantos homens e mulheres que nos precederam e nos deixaram um testemunho vivo do seu encontro com Deus e com os irmãos.

Assim, como nos ensina o hino do Ano da Fé, na nossa Diocese de Santarém são “Felizes os que acreditam e entram pela porta da fé.”

Como Maria, Senhora do Sim e Virgem fiel, a Estrela da Evangelização, aqui invocada como Senhora da Glória, digamos sempre Sim a Deus, sejamos atentos à Sua palavra e, com fé, humildade e generosidade façamos tudo o que Ele nos disser. (**)
P. Agostinho Sousa, CM
(*) – Nomes das 16 Comunidades
(**) – Excerto da homilia transmitida pela TVI

domingo, 17 de fevereiro de 2013

GLÓRIA DO RIBATEJO EM MISSÃO




A 9 de Setembro, foi dado o primeiro passo para a preparação da Missão, na Glória do Ribatejo. Nesse dia, sob o olhar de Nossa Senhora da Glória, foi feito o anúncio. Com o tema “Abrir a porta da vida, abrir o coração ao amor” foi dado o mote para o tempo de pré-Missão que se prolongou por vários meses, com reuniões gerais de animadores e donos das casas e da equipa coordenadora, com o porta a porta, no contacto pessoal e na entrega das mensagens, e com tempos de oração. O pároco, P. João Maria, com a sua experiência e paixão pela Missão, desde cedo convocou e mobilizou a comunidade para a Missão Popular Vicentina.
De 17 de Fevereiro a 3 de Março, a Glória do Ribatejo está em Missão. Com a Eucaristia de Envio, presidida pelo Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino, dá-se início a este tempo forte que, em tempo quaresmal, coincide com a vivência do Ano da Fé. Para mobilizar a população, no sábado, dia 16, à noite, realizar-se-á uma Via-Sacra pública que percorrerá o coração da Vila.
Estão formadas 18 comunidades que, ao longo da primeira semana, se reunirão para fazer a experiência dos primeiros cristãos, vivendo unidos na oração e na reflexão à luz da Palavra. O grande encontro das comunidades, momento de testemunho e de partilha, acontecerá no Salão da Casa do Povo. No domingo, dia 24, pela TVI, às 11h00, será transmitida a Eucaristia do II domingo do tempo da Quaresma. Na segunda semana, na Igreja, à noite, haverá as celebrações temáticas. No sábado, dia 2, no salão paroquial há um encontro de formação para animadores da comunidade, orientado pelo P. Manuel Nóbrega, e com o tema “Missão e Caridade”.
Além do pároco e dos animadores, a equipa missionária é formada pelo P. Agostinho, CM, pela Irmã Zulmira, Filha da Caridade da Comunidade de Vendas Novas e pela Henriqueta, dos Colaboradores da Missão Vicentina (CMV).

Locais de culto
Igreja de Nossa Senhora da Glória: Ao longo dos tempos a igreja medieval mandada construir pelo rei D. Pedro I, sofreu inúmeras alterações. A última grande transformação ocorreu na década de 60 do séc. XX, quando se colocou o relógio, modificando por completo a antiga torre.
Nesta Igreja encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Glória, que dá o nome à terra, e é aí que se celebra a Eucaristia dominical e de onde parte a grande Procissão das Festas de Agosto, bem como a Festa da Aparição, no domingo da Santíssima Trindade.
Desde 1976, os padres vicentinos são os párocos desta terra que já viveu uma experiência de Missão em 1992. A paróquia tem catequese, conferência vicentina, agrupamento de escuteiros e outros grupos que vão dinamizando a sua vida religiosa e comunitária.
Igreja do Cocharro: No lugar do Cocharro, um pouco distante do centro da Vila, a partir do final da década de 90 do século passado, foi edificada uma capela, dedicada a Santa Luzia, onde todos os domingos se celebra Eucaristia.

Passado e presente (*)


A Glória do Ribatejo, considerada a vila mais ribatejana de Portugal, fica situada no concelho de Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém e é habitada por 3.224 habitantes. Ocupa uma extensão de 10 mil hectares de terra e está situada na parte Sul do Ribatejo, entre o Tejo e o Sorraia. Pertenceu à freguesia de Muge, tornando-se sede de freguesia a partir de 29 de Agosto de 1966. Foi elevada a vila a 20 de Maio de 1993.
Numa perspectiva histórica, a Glória tem provavelmente sete séculos de existência. Situada numa região plana e aberta, não teria um tipo definido de habitante. Favorecida pela protecção real, o povo da Glória voltou-se para a charneca, cultivando e criando gado. Isentos do serviço militar durante anos, este povo foi-se “fechando“ nos seus hábitos e costumes tradicionais e característicos.
Com uma identificação cultural muito marcante, construída no dia-a-dia desta população, ainda hoje é possível observar nesta povoação costumes ancestrais. Uma das razões apontadas para a preservação destes valores prende-se com a endogamia. No passado, ao evitar casamentos com outras pessoas de outras localidades, este povo conservou genuinamente os usos e costumes dos seus antepassados. Apesar de ser assediada por outros valores, a Glória do Ribatejo soube sempre respeitar a sua identidade cultural, motivo pelo qual esta vila ainda hoje se orgulha de respirar tradição. É muito famoso na Glória o ponto de cruz, as charteiras, as pataqueiras e as bolsinhas todas feitas manualmente.
Com a guerra colonial, que levou muitos jovens para fora da terra e com o aparecimento do posto emissor (RARET), muito se alterou na localidade. Houve abertura aos hábitos e costumes exteriores, mais postos de trabalho com os seus benefícios económicos, desenvolvimento escolar e possibilidade dos jovens continuarem os seus estudos.
Actualmente as mudanças sociais são bem visíveis na Glória devido à formação dos jovens, havendo agora muitas profissões liberais e cursos superiores. Vivendo essencialmente da agricultura, pastorícia e outras actividades mais rudimentares, a Glória do Ribatejo desenvolveu uma cultura muito peculiar que a diferenciou das restantes freguesias do concelho. (*) Os dados históricos, de vários autores, foram recolhidos na internet

P. Agostinho Sousa, CM

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

OMP – Encontro para Directores Diocesanos e Formação para agentes da Missão



As Obras Missionárias Pontifícias (OMP) promoveram o 3º Encontro para directores diocesanos das missões, no dia 11 de Fevereiro, na Casa de Nossa senhora das Dores, em Fátima. Em cada ano, há duas reuniões para partilhar experiências, analisar e avaliar acções e eventos e programar momentos e dinâmicas para que a animação missionária das dioceses e paróquias seja mais envolvente e mais forte.
Estiveram presentes treze directores diocesanos. Algumas dioceses ainda não estiveram representadas. Todos os participantes são sacerdotes, diocesanos ou religiosos, sendo o delegado da diocese de Aveiro um leigo. A reunião foi presidida pelo director nacional, P. António Lopes, SVD e secretariada pelo João Cláudio.
Após a oração inicial e a leitura da acta e da apresentação dos novos directores de Viana do Castelo, Lisboa e Setúbal, o P. António Lopes, apresentou uma reflexão sobre “A paixão pela animação Missionária”, apontando obstáculos, passos dados e desafios.

Avaliação e propostas
Seguidamente, fez-se a avaliação da Jornada Missionária Nacional, cujo tema foi “Vaticano II: 50 anos. Missão, Memória e Profecia”. Conteúdos, dinâmicas, Eucaristia no recinto do Santuário e peregrinação da Missão foram pontos partilhados e reflectidos. O “Outubro missionário” também mereceu tempo de antena e os vários delegados foram transmitindo o que foi feito nas suas dioceses: distribuição de material, vigílias de oração, encontros temáticos, dia missionário, caminhadas, peditório de rua e mais um sem número de iniciativas, ajudaram a promover a consciência da Missão.
A Infância Missionária, obra que se procurou incentivar com objectivos específicos e material próprio e adequado a crianças e adolescentes, teve uma grande adesão. Os presépios e os mealheiros esgotaram e houve dinâmicas muito interessantes, sobretudo, nas dioceses onde a obra está mais implantada. Foram sugeridas várias técnicas e acções para um próximo ano, dando-se liberdade às dioceses para, dentro do tempo natalício, criarem o dia da Festa da Infância Missionária, mesmo que não coincida com a celebração da Epifania do Senhor.
Estes encontros ajudam a abrir horizontes e faz com que a experiência de uns, leve outros a procurar descobrir iniciativas e formas para fazerem a animação missionária das suas dioceses.

Formação, testemunho e partilha
Com o tema “O papel dos directores diocesanos na animação missionária da diocese e como formar um grupo missionário na diocese e na paróquia”, os responsáveis pelas OMP convocaram para a manhã do dia 12 de Fevereiro, os directores diocesanos, seus colaboradores e membros dos centros diocesanos. De Vila Real, Porto, Guarda, Beja, deslocaram-se cerca de 50 leigos que trabalham na animação missionária das suas dioceses. Também estiveram presentes Colaboradores da Missão Vicentina, vindos de Lisboa e de Salvaterra de Magos. O tema foi trabalhado pelo director das OMP da Espanha, P. Anastácio Gil que, com experiência e mestria, ajudou a ver mais claro formas e meios para levar por diante o que a Carta dos Bispo portugueses “Como Eu vos fiz, fazei vós também”, nos números 20 e 21.
Após alguns tópicos sobre os documentos da Igreja sobre a Missão (Ad gentes, Redemptoris Missio e outros), e concluindo com uma frase de Bento XVI “a missão Ad gentes é paradigma da evangelização da Igreja”, o P. Anastácio foi apontando as tarefas de um Centro diocesano missionário e do seu director. Um plano de trabalho organizado e partilhado, o ir ao encontro, a relação com os outros serviços diocesanos ou locais e o encontro com os missionários oriundos da sua área de acção, promovem e incentivam a animação missionária. A relação com a direcção nacional e com as outras dioceses, num serviço de comunhão e formação, o contacto com os missionários locais em terras de missão, o uso dos meios de comunicação próprios e a boa relação com os media e a presença nas escolas, nas paróquias e na catequese são trunfos a favor da missão.

Diálogo e caminhos a seguir
O caminho percorrido no país vizinho, iniciativas e projectos, foram exemplos para que, nas dioceses e paróquias se reforce a aposta na Missão. O diálogo com os participantes abordou várias áreas, tais como o trabalho com a catequese e escolas, o voluntariado missionário dos leigos, as obras de apoio à missão Ad gentes, o envio de sacerdotes diocesanos para as missões e sua formação específica.
Os leigos participantes levantaram questões sobre a dinamização da Infância Missionária e o modo de responder aos desafios que são propostos cada ano. Foi-lhes dito que a experiência agora iniciada entre nós, já foi vivida em Espanha. Agora há outras dinâmicas, com acções concretas, como por exemplo, um concurso de desenhos, com prémios, e com a presença de altas individualidades e da comunicação social. Foi referido que os montantes recolhidos nas diversas iniciativas são entregues à OMP, no mês seguinte, para que seja enviado rapidamente para os projectos apoiados e, deste modo, se saiba que “o valor da renúncia ou partilha” que foi feita pertence à Missão e não às paróquias ou dioceses.
Os grupos missionários paroquiais nascerão na medida em que as pessoas, a começar pelos responsáveis e colaboradores das paróquias investirem na animação missionária, começando pela oração e por acções concretas de evangelização, começando pela catequese e grupos, não esquecendo as famílias. É um caminho a ser feito e as experiências que vão aparecendo no terreno constituem um desafio para todas as comunidades.
A temática e a oportunidade do encontro foram aplaudidas pelos presentes que sublinharam a necessidade de outros momentos de formação e partilha de experiências.
O encontro encerrou com a Eucaristia e o almoço, durante o qual, marcou presença D. António Couto, Presidente da Comissão Episcopal para a Missão, Nova Evangelização e Ecumenismo.
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


MUGE: Anúncio da Missão Popular

“Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”
No dia 10 de Fevereiro, na Eucaristia do V domingo do tempo comum, e à luz das palavras do Evangelho do dia “Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”, foi feito o anúncio da Missão Popular. Este tempo forte de Missão terá lugar, nesta Vila, de 24 de Novembro a 8 de Dezembro. Será um momento de caminhada de Advento que vai ter o seu ponto alto na celebração do dia da sua Padroeira, Nossa Senhora da Conceição.
Dentro do projecto da Zona Pastoral, no fim de um ano litúrgico com a celebração da solenidade de Cristo Rei, esta experiência missionária tem por finalidade fortalecer a vida comunitária da paróquia, à luz da palavra de Deus, dos sacramentos e na vivência da caridade.
Presidiu à Eucaristia o P. António Teixeira e concelebrou o P. Agostinho que, na homilia, e pegando nas palavras de Jesus aos seus discípulos, desafiou os presentes a “lançar a redes”, sem medos e receios, serem “pescadores de homens”, chamando outros, deixando-se tocar pela palavra e disponibilizando-se para levar a mensagem a tantos que, por razões várias, não participam na comunidade.
A oração da missão, distribuída e rezada por todos, o empenho e disponibilidade de todos, abrirão caminhos para que a Missão aconteça.

Plano de preparação
Na Eucaristia foi lançado o convite para um encontro, aberto a todos, para se falar da Missão, seus tempos e dinâmicas, suas exigências e desafios. Não compareceram muitas pessoas, mas houve quem se mostrasse disponível para futuras reuniões. Os que participaram, a começar pelo pároco, mantiveram diálogo aberto e troca de informação sobre a vida da paróquia, as necessidades e potencialidades da mesma. Definiu-se o papel da equipa coordenadora, bem como os caminhos a percorrer, tendo-se marcado algumas acções e reuniões para este tempo da pré-missão.
Não é a primeira vez que Muge vive um tempo de Missão. Em Março de 1995, dois anos depois de os padres Vicentinos de Salvaterra terem assumido a paroquialidade nesta terra, houve uma Missão Popular. Um novo desafio é lançado a esta comunidade para viver a frase chave do evangelho deste domingo: “Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”. A todos se exige, a resposta de Pedro: “Já que o dizes, lançarei a redes!”. E a pesca foi abundante!

Resenha histórica
Muge é uma Vila e freguesia do concelho de Salvaterra de Magos. Povoada pelos monges alcobacenses em 1200 protegida por D. Dinis que lhe deu foral em 1304, está localizada junto ao Tejo, numa situação que ao longo da história lhe proporcionou acesso relativamente fácil, aos grandes centros populacionais. A povoação é muito antiga, povoada desde o período mesolítico. Dessa época, foram descobertos nos anos 60 do século passado alguns concheiros e esqueletos humanos.
Nas proximidades da ribeira de Muge, foram localizadas estações paleolíticas nos sítios de Arneiro dos Moinhos, Pinhal do Coelheiro. Sobral de Martim Fonço, Arneiro de Boa Vista, Glória, Ponte do Coelheiro, João Boieiro, Cacharinho, Porto Sabugueiro, Cabeça de Arruda, Casalinho, Arneiro dos Pescadores, Cabeço da Mina. Nestas estações, foi colhido um material que é característico dos terraços.
Foi fundamental para o desenvolvimento de Muge o reinado de D. Dinis (1278-1325). A 6 de Dezembro de 1304, concedeu-lhe foral, em Santarém, e voltou a fazer o mesmo três anos depois, em Lisboa (6 de Setembro). Conta-se até, num episódio com um pouco de romanesco, que D. Dinis, estando em Vila Franca, recebeu um solho pesado em Muge, tão grande que pesava dezassete arrobas. Mandou que dele se fizesse um desenho e se desse notícia. D. João III, mais tarde, não o estranhou, pois dali recebera outro solho que pesava catorze arrobas.
Pela importância que detinha Muge foi sempre vila favorecida pela generosidade de reis, fidalgos e mosteiros. Mas como muita gente significava muitos impostos, a população de Muge foi sempre carregada de tributos. Nos inícios do século XVI, o Papa Leão X concedia ao rei D. Manuel I e aos seus sucessores os dízimos do paúl de Muge e de outros que mandassem arrotear. Nesses terrenos alagadiços, começa o cultivo do arroz, que por essa época não iria ter grande sucesso.
Foram senhores de Muge os duques de Cadaval, que aqui construíram um palácio e fundaram uma quinta. A Casa de Cadaval foi a mais poderosa casa nobiliárquica portuguesa do período pós-restauração, em alguns momentos apontada como imediata sucessora da coroa. Era também a que possuía mais extensas jurisdições senhoriais.
O seu palácio, que ainda se pode encontrar em Muge, apresenta actualmente poucos vestígios da fisionomia antiga, a não ser na fachada, já que sofreu obras de restauro neste século. Junto à casa, a capela consagrada a Nossa Senhora da Glória, cuja imagem se vê num registo de azulejos de moldura azul sobre esmalte branco, oitocentistas.
A grande importância que Muge deteve ao longo dos séculos foi-se esfumando com a aproximação da época contemporânea. Em 1755, pertencia à comarca de Santarém, em 1852 à de Benavente. Em tempos conhecida como Muja e também Porto de Mugem, devido aos “muitos peixes d’este nome que se pescavam em frente da Villa” (Pinho Leal), Muge perdeu o populoso local de Marinhais em 1928, que formou freguesia própria. Perdeu também grande número de habitantes, que em 1950 era de perto de cinco mil e hoje não chega aos dois milhares.

P. Agostinho, CM
(Fonte da resenha histórica: Junta de freguesia de Muge)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento XVI resigna


Sinal histórico, profético e interpelante
“Queridíssimos Irmãos,
Convoquei-vos para este Consistório, não apenas por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Depois de examinar reiteradamente a minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro (petrino). Sou consciente de que este ministério, pela sua natureza espiritual, deve ser levado a cabo não apenas por obras e palavras mas também, em menor grau, através do sofrimento e da oração.
No mundo atual, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevância para a vida da Fé, para governar a barca de S. Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também vigor, tanto do corpo como do espírito. Vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de forma que tenho de reconhecer a minha capacidade para exercer de boa forma o ministério que me foi encomendado.
Por isso, sendo consciente da seriedade deste ato, e em plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, sucessor de S. Pedro, que me foi confiado pelos cardeais no dia 19 de abril de 2005. De forma que, a partir do dia 28 de fevereiro de 2013, às 20:00 (19:00 em Lisboa), a sede de Roma, a sede de S. Pedro vai ficar vaga e deverá ser convocada, através daqueles que têm competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Queridíssimos irmãos, dou-vos as graças de coração por todo o amor e trabalho com que trouxeram até mim o peso do meu ministério e peço perdão por todos os meus defeitos.
Agora, confiamos a Igreja ao cuidado do Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo e suplicamos a Maria, sua Santa Mãe, que assista com a sua materna bondade aos padres cardeais ao eleger o novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, também no futuro, quero servir com todo o meu coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.”
11 de Fevereiro de 2013
Bento XVI

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Doente



«Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37)

Amados irmãos e irmãs!
1. No dia 11 de Fevereiro de 2013, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, celebrar-se-á de forma solene, no Santuário mariano de Altötting, o XXI Dia Mundial do Doente. Este dia constitui, para os doentes, os operadores sanitários, os fiéis cristãos e todas as pessoas de boa vontade, «um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade» (João Paulo II, Carta de instituição do Dia Mundial do Doente, 13 de Maio de 1992, 3). Nesta circunstância, sinto-me particularmente unido a cada um de vós, amados doentes, que, nos locais de assistência e tratamento ou mesmo em casa, viveis um tempo difícil de provação por causa da doença e do sofrimento. Que cheguem a todos estas palavras tranquilizadoras dos Padres do Concílio Ecuménico Vaticano II: «Sabei que não estais (…) abandonados, nem sois inúteis: vós sois chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente» (Mensagem aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem).

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Animação Missionária



“Nova Evangelização e Missão, hoje”

Desta vez foi em Mértola que nos reunimos no dia 9 de Fevereiro, para mais um momento de partilha, aprendizagem e convívio. São sempre momentos que enriquecem a quem se disponibiliza a estar presente. Foi o 7º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade, promovido pelo Centro Diocesano Missionário, com o tema: “Nova Evangelização e Missão, hoje”.
Não muitos, um pouco mais de duas dezenas, na maioria de Mértola e três presenças de Almodôvar (Santa Clara-a-Nova). O Padre Tony Neves, provincial dos padres Espiritanos, baseado na sua experiência missionária e nas conclusões do último Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da Fé, orientou a reflexão e as dinâmicas que preencheram este dia de encontro, de estudo e de linhas de força para a dinamização missionária da diocese feita em todas as suas comunidades.
Contámos também com os Padres Agostinho (responsável das Missões na diocese), Aristides Neiva, Sousa Marques (da comunidade dos padres Espiritanos que servem o concelho de Mértola), Cónego Álvaro e a agradável surpresa da presença do nosso Bispo, D. António Vitalino. O Agrupamento de Escolas do concelho de Mértola cedeu-nos o espaço (EB1) e foi nesse lugar acolhedor e bem equipado que a formação decorreu.

A Igreja que somos e a Igreja que queremos ser
O Padre Agostinho fez a introdução ao tema e o ponto da situação em relação ao trabalho desenvolvido na Diocese. Depois começámos a visualizar algumas imagens capazes de nos integrar no sentido pleno do tema: “Que Evangelização queremos para a nossa Igreja?”
Na verdade, percebemos que há formas de estar distintas. Se por um lado há posturas que indicam pedagogias de alinhamento, de programação e de “perfomance”, por outro, a visão “together now” (agora, juntos), numa abertura a mentalidades diferentes, de envolvência, de união pela ideia aglutinadora do amor de Cristo, com a humildade de sentirmos que somos o que Deus quer que sejamos, parece-nos a mais forte e adequada para celebrar a fé na diversidade de percursos que coexistem numa comunidade.
A Igreja à escala global faz de nós uma igreja plural, o que implica  “não obrigar” a que todos sejam como nós. Como disse Santo Agostinho, devemos ser unidos no essencial, livres no acessório e em tudo com caridade. Mais do que saber muito, é preciso vivermos de acordo com a fé, coerentemente, e transmitir a fé vivida e não apenas…falada.

A importância da linguagem
Vivemos na era da imagem. A palavra requer adequação ao destinatário. Tal como dizia o papa João Paulo II, a linguagem requer “fervor, métodos e expressões”. Na verdade, a evangelização hoje, requer novos métodos e novas expressões. O acesso fácil às novas tecnologias é uma dessas novas expressões que não podemos ignorar. A pedagogia terá de ser viva e baseada num conhecimento prévio para melhor definir as estratégias adequadas.
Nesta contínua insatisfação em que vive a humanidade, aliada à permanente incerteza da vida dos jovens, a procura de soluções que “preencham” o vazio é uma constante, por vezes, apressada e descoordenada, que leva a fontes sem água viva. É preciso procurar o encontro com o Pai através da vivência dos Sacramentos, enquanto sinais de fé viva e actuante.

Vantagens da globalização
A globalização surge também como uma oportunidade de dilatar o Evangelho. Esta possibilidade foi vista de forma marcante pelos dois últimos papas. Para melhor entender o alcance desta possibilidade vivida em concreto, vimos um pequeno filme de Nuno Bastos que evidencia a necessidade de mediação para recuperar quem se distancia e como o problema de “um” passa a ser o problema do “todo”, quando a indiferença é a resposta ao apelo de quem sofre.

Instrumentos de encontro com Jesus


Encontrar o outro, escutar e perceber os sinais de alerta, permite o encontro com Jesus. Dispomos de instrumentos capazes de assegurar a eficácia deste encontro: a Bíblia, os Sacramentos, a comunhão fraterna, o serviço da Caridade e a Missão.
É urgente cuidar da novidade da mensagem, sabendo que o Evangelho é para todos e que os jovens fazem parte deste processo de “cuidar”, de adequar, para chegar a quem é o garante da continuidade da mensagem cristã. As Jornadas Mundiais da Juventude têm sido uma forma de ligar o testemunho de vida à Palavra de Deus. Os jovens ganham confiança porque se deparam com multidões que gostam de Deus.
A relação entre a fé e a razão, foi outro ponto de reflexão. É preciso fazer alianças entre a cultura e a fé e lembrar que os meios de comunicação social são, agora, os novos areópagos. Todos os sectores da vida se dignificam quando vividos à luz da fé. Até a relação com o sofrimento assume novo sentido porque o horizonte não é o fim, mas a vida eterna.
Afinal, das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), a caridade é a que permanece. A partilha vem depois da oração e da conversão porque é o gesto de quem mudou a sua vida a partir do encontro com Deus.Como diz Bento XVI, “uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos”. A existência cristã é uma permanente “subida ao monte” para o encontro com Deus.
Foi assim, rico na forma e no conteúdo, que decorreu este dia de formação, em Mértola. Bem haja a quem o tornou possível. Para Deus todas as graças pelo que vivemos, partilhámos, comemos e guardamos na mente e no coração.
Em breve, em Odemira, no dia 23 de Março, novo encontro, com o tema bem sugestivo: “Crer é cuidar … cuidar é crer”. Vamos marcar presença! Vale a pena!

Maria Sebastiana Romana – Mértola
CDM/Beja

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Dramáticas inundações no Vale do Limpopo (Moçambique) apelam à solidariedade


Situação de calamidade

A grande precipitação das chuvas, nas últimas semanas, conjugada com sucessivas descargas nas barragens dos países vizinhos (África do Sul e Zimbabwe) trouxe uma nova catástrofe ao povo moçambicano, nomeadamente no Vale do Rio Limpopo, onde se situam os Distritos do Chókwe e do Caniçado, fortemente atingidos.

Nestes dois Distritos, segundo informações da Cruz Vermelha Internacional, mais de 100 mil pessoas foram desalojadas, ficando muitas a dormir ao relento ou no mato e contam-se dezenas de mortes. Há grande preocupação com o perigo de eclosão e contágio de doenças, devido às condições de vida nos centros de alojamento. O risco de malária, diarreia e cólera é muito elevado. As pessoas dormem sem redes mosquiteiras, perto de águas sujas e estagnadas.

Só no Distrito do Chókwe, 40 mil pessoas foram colocadas em centros de acomodação, mas em condições de vida muito precárias. Há nestes centros e nos lugares onde a água vai baixando, e para onde as populações começam a regressar, muita falta de comida, de água potável e de outras condições mínimas habitáveis. Muitas perderam quase tudo nas cheias e têm que refazer as suas vidas.

Para além da devastação nos campos (agricultura e criação de gado), estradas, pontes e outros bens, são enormes os prejuizos na saúde, educação e assistência social, com a grande maioria dos edifícios inundados e os seus equipamentos inutilizados ou afectados. Só no Município do Chókwe 58 escolas e 5 Centros Hospitalares foram invadidos pelas águas.



Missionários Vicentinos e Filhas da Caridade no terreno

Nestes dois Distritos, há quatro Comunidades das Filhas da Caridade que se dedicam aos mais sofredores e pobres, em 2 hospitais (com numerosos doentes de Sida e crianças órfãs e subnutridas), em 2 escolas primárias e secundárias, em 2 centros de promoção juvenil e em 2 albergues de idosos e actividades diversas junto das Comunidades Cristãs. Os Padres e Irmãos Vicentinos, presentes naquela Região desde 1942, dirigem também ali um Centro de Promoção profissional básica, uma Casa de Noviciado e trabalham em 3 extensas Missões, com numerosas comunidades ao longo do rio Limpopo e afluentes. Há ainda um Centro de Pastoral e Espiritualidade, com uma Comunidade de Carmelitas e a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Chókwe, com uma vasta zona de comunidades que se estende por todo o Regadio do Limpopo.

Naturalmente que este trágico flagelo das águas atingiu em cheio estes missionários e as diversas obras que dirigem: casas, igrejas, equipamentos, mobílias, carros e muitos bens foram nas enxurradas. Contudo, nenhum abandonou as populações à sua sorte. Pelo contrário, mantiveram-se o mais possível nos seus postos, em estreita colaboração entre si e com todos os que podiam ajudar os mais frágeis. Procuraram colocar, atempadamente, os doentes a salvo das cheias e tendo embora, em alguns casos, de ficar ao relento, continuaram a acompanhá-los nos locais de refúgio, dispensando-lhes os auxílios elementares.



Sanear, recuperar, reconstruir no amor e na esperança, em rede com todos os homens de boa vontade

Diante da imensa tarefa e das necessidades gritantes que, uma vez mais, têm pela frente, estes Irmãos e Irmãs, moçambicanos e de várias nacionalidades, não actuam sozinhos. Procuram ligar-se a toda a comunidade cristã e católica em Moçambique e no Mundo e articular  acções e meios com Organizações Humanitárias e Governamentais mais disponíveis e responsáveis. Particularmente com os Médicos sem Fronteiras, a Cruz Vermelha Internacional, o Banco Mundial contra a Fome, a Cáritas, a Família Vicentina... Contam com a partilha das Igrejas Irmãs e a solidariedade interna e externa. Não os deixemos sozinhos e desamparados!



SOS – Cheias Moçambique – Como responder

Querendo responder a este apelo, pessoalmente, em comunidade ou com pessoas de boa vontade das paróquias ou instituições com quem trabalha, e ir em auxílio das vítimas das dramáticas cheias assolaram as populações do Vale do Limpopo em Moçambique, ao cuidado das Filhas da Caridade e dos Missionários Vicentinos, pode depositar na Conta da P. C. MISSÃO VICE-PROVÍNCIA: Caixa Geral de DepósitosConta nº 2177016577430 - NIB 003521770001657743061 – (com informação ao P. Luciano Ferreira – Tel.966 792 901 – email: luciano.c.ferreira@sapo.pt)



                                                                                   P. Luciano Ferreira, CM


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma de 2013



Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16)

Queridos irmãos e irmãs!

A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.

1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16), recordava que, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus caritas est, 1).

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3º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade



No decurso da Missão Popular no Granho, realizou-se a 2 de Fevereiro, no Salão desta Paróquia, o 3º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade. Estiveram presentes mais de duas dezenas de participantes, sendo a maioria era do Granho. Também vieram animadores dos Foros de Salvaterra e da Glória do Ribatejo. “Fé e Missão” foi o tema desenvolvido pelo P. Manuel Nóbrega, da comunidade vicentina de Salvaterra de Magos e coordenador dos Colaboradores da Missão (CMV).
Em Ano da Fé, e tendo subjacente o símbolo da Barca, o encontro começou com um tempo de oração. O cântico “Pescador de homens”, seguido de uma bela reflexão “Como o vento” e a música “Põe tua mão” deram o mote para o tema.




Fé: Desafio da Missão
“Evangelizar é antes de mais, dar testemunho, de maneira simples e directa, do Deus revelado por Jesus Cristo mediante o Espírito Santo” (EN26). Foi deste modo que se deu o arranque para a descoberta da “única Missão”, a Missão de Jesus Cristo.
Em vários slides, o P. Nóbrega foi explanado o tema. A reflexão apresentada, fez-nos chegando à conclusão de que a evangelização aparece como tarefa global da Igreja, como sua Missão fundamental. Não é tarefa individual, mas acção do Espírito Santo em nós e através de nós, nos outros. Novo ardor, novos métodos e nova linguagem, como apontou João Paulo II, levarão a um empenho eclesial para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé que é vivida como experiência de um amor recebido e comunicado como experiência de graça e alegria. A leitura atenta dos sinais dos tempos levará a atitudes novas de diálogo, escuta, participação e partilha, eu levará a um testemunho de comunhão e de participação nas preocupações, projectos e respostas a dar. A linguagem, para transmitir a fé, mais que palavras, exige testemunho, gestos e atitudes de coerência e sinceridade. Saber ser, ganha terreno ao saber fazer ou saber dizer. O acolhimento, a tolerância, a escuta levam ao cultivo da linguagem da proximidade e da fraternidade.

Anúncio ao jeito de Jesus
Jesus Cristo é a regra da Missão, no dizer de Vicente de Paulo. Ele é o missionário por excelência, é o evangelizador dos pobres. O seu jeito de viver, “a pedagogia da Encarnação” é a pedra de toque da evangelização devido à valorização para toda a pessoa, de modo especial, no pobre (Mt 25, 40).
Partir da vida das pessoas (pedagogia do real) leva-nos a conhecer a realidade e as pessoas e a tornar a evangelização mais sensível ao meio humano e ao tempo, pois não se pode evangelizar no abstracto, mas no concreto das pessoas, na sua vida real. A visão positiva ou pedagogia contemplativa leva a encontrar Deus em todo o lugar e em toda a pessoa: a ternura, a compaixão, a admiração abrem luz para que o Evangelho seja Notícia, boa e feliz.
A “alegre notícia” de Jesus, traz consigo a força da transformação e da superação dos fracassos. É a pedagogia da cruz, a força do amor que a todos acolhe, transforma e renova (multidões, samaritana, Zaqueu, Mateus, Nicodemos). Este estilo de evangelizar leva Jesus a não se preocupar apenas com “curar” mas procura ir mais além, até à raiz do mal. Por isso, Jesus, a todos surpreende pela originalidade e pelo amor com que se entrega à pessoa.
A opção pelos pobres ou “mudança sistémica”, a pedagogia do serviço e a pedagogia comunitária (comunidades evangelizadas e evangelizadoras), serão para a comunidade cristã desafios permanentes para ser mistério de comunhão, que vive um Amor criativo e inventivo, na sua força missionária.

Comunidade evangelizada e discípula
A comunidade evangelizadora, para ser testemunha do Evangelho, tem que ser lugar de unidade e união, casa comum, acolhedora e habitável, espaço de liberdade e aceitação, lugar de fecundidade, de humanidade e humanização, família onde os pobres tenham lugar e serva das pessoas, da sociedade e do mundo. Este estilo de ser e viver exige conversão que leva à felicidade e gera um testemunho de liberdade e de amor.
Estas e muitas outras “coisas” foram partilhadas e escutadas pela assembleia de animadores que, atenta e interessada, procurou assimilar a mensagem proposta. O encontro terminou com um momento de oração, tendo por base o texto de envio (Mt 28, 16-20), o poema intitulado “como o grãozinho de areia” e o cântico mariano “Estrela da Missão”.
Está agendado novo encontro para os Animadores das paróquias Zona Pastoral de Salvaterra de Magos, a 2 de Março, na Glória do Ribatejo, aquando da Missão Popular naquela vila. “Caridade e Missão”, tema deste novo encontro será, uma vez mais, orientado pelo P. Nóbrega e é aberto a toda a comunidade. A participação neste tempo de formação, levar-nos-á a entender melhor as palavras do Papa na Carta Porta da Fé (º 14) e na sua mensagem para a Quaresma que se avizinha: “Crer na caridade suscita caridade”.

P. Agostinho Sousa, CM