MUGE: Anúncio da Missão Popular
“Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”
No dia 10 de Fevereiro, na Eucaristia do V domingo do tempo comum, e à luz das palavras do Evangelho do dia “Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”, foi feito o anúncio da Missão Popular. Este tempo forte de Missão terá lugar, nesta Vila, de 24 de Novembro a 8 de Dezembro. Será um momento de caminhada de Advento que vai ter o seu ponto alto na celebração do dia da sua Padroeira, Nossa Senhora da Conceição.
Dentro do projecto da Zona Pastoral, no fim de um ano litúrgico com a celebração da solenidade de Cristo Rei, esta experiência missionária tem por finalidade fortalecer a vida comunitária da paróquia, à luz da palavra de Deus, dos sacramentos e na vivência da caridade.
Presidiu à Eucaristia o P. António Teixeira e concelebrou o P. Agostinho que, na homilia, e pegando nas palavras de Jesus aos seus discípulos, desafiou os presentes a “lançar a redes”, sem medos e receios, serem “pescadores de homens”, chamando outros, deixando-se tocar pela palavra e disponibilizando-se para levar a mensagem a tantos que, por razões várias, não participam na comunidade.
A oração da missão, distribuída e rezada por todos, o empenho e disponibilidade de todos, abrirão caminhos para que a Missão aconteça.
Plano de preparação
Na Eucaristia foi lançado o convite para um encontro, aberto a todos, para se falar da Missão, seus tempos e dinâmicas, suas exigências e desafios. Não compareceram muitas pessoas, mas houve quem se mostrasse disponível para futuras reuniões. Os que participaram, a começar pelo pároco, mantiveram diálogo aberto e troca de informação sobre a vida da paróquia, as necessidades e potencialidades da mesma. Definiu-se o papel da equipa coordenadora, bem como os caminhos a percorrer, tendo-se marcado algumas acções e reuniões para este tempo da pré-missão.
Não é a primeira vez que Muge vive um tempo de Missão. Em Março de 1995, dois anos depois de os padres Vicentinos de Salvaterra terem assumido a paroquialidade nesta terra, houve uma Missão Popular. Um novo desafio é lançado a esta comunidade para viver a frase chave do evangelho deste domingo: “Lançai as redes e farei de vós pescadores de homens!”. A todos se exige, a resposta de Pedro: “Já que o dizes, lançarei a redes!”. E a pesca foi abundante!
Resenha histórica
Muge é uma Vila e freguesia do concelho de Salvaterra de Magos. Povoada pelos monges alcobacenses em 1200 protegida por D. Dinis que lhe deu foral em 1304, está localizada junto ao Tejo, numa situação que ao longo da história lhe proporcionou acesso relativamente fácil, aos grandes centros populacionais. A povoação é muito antiga, povoada desde o período mesolítico. Dessa época, foram descobertos nos anos 60 do século passado alguns concheiros e esqueletos humanos.
Nas proximidades da ribeira de Muge, foram localizadas estações paleolíticas nos sítios de Arneiro dos Moinhos, Pinhal do Coelheiro. Sobral de Martim Fonço, Arneiro de Boa Vista, Glória, Ponte do Coelheiro, João Boieiro, Cacharinho, Porto Sabugueiro, Cabeça de Arruda, Casalinho, Arneiro dos Pescadores, Cabeço da Mina. Nestas estações, foi colhido um material que é característico dos terraços.
Foi fundamental para o desenvolvimento de Muge o reinado de D. Dinis (1278-1325). A 6 de Dezembro de 1304, concedeu-lhe foral, em Santarém, e voltou a fazer o mesmo três anos depois, em Lisboa (6 de Setembro). Conta-se até, num episódio com um pouco de romanesco, que D. Dinis, estando em Vila Franca, recebeu um solho pesado em Muge, tão grande que pesava dezassete arrobas. Mandou que dele se fizesse um desenho e se desse notícia. D. João III, mais tarde, não o estranhou, pois dali recebera outro solho que pesava catorze arrobas.
Pela importância que detinha Muge foi sempre vila favorecida pela generosidade de reis, fidalgos e mosteiros. Mas como muita gente significava muitos impostos, a população de Muge foi sempre carregada de tributos. Nos inícios do século XVI, o Papa Leão X concedia ao rei D. Manuel I e aos seus sucessores os dízimos do paúl de Muge e de outros que mandassem arrotear. Nesses terrenos alagadiços, começa o cultivo do arroz, que por essa época não iria ter grande sucesso.
Foram senhores de Muge os duques de Cadaval, que aqui construíram um palácio e fundaram uma quinta. A Casa de Cadaval foi a mais poderosa casa nobiliárquica portuguesa do período pós-restauração, em alguns momentos apontada como imediata sucessora da coroa. Era também a que possuía mais extensas jurisdições senhoriais.
O seu palácio, que ainda se pode encontrar em Muge, apresenta actualmente poucos vestígios da fisionomia antiga, a não ser na fachada, já que sofreu obras de restauro neste século. Junto à casa, a capela consagrada a Nossa Senhora da Glória, cuja imagem se vê num registo de azulejos de moldura azul sobre esmalte branco, oitocentistas.
A grande importância que Muge deteve ao longo dos séculos foi-se esfumando com a aproximação da época contemporânea. Em 1755, pertencia à comarca de Santarém, em 1852 à de Benavente. Em tempos conhecida como Muja e também Porto de Mugem, devido aos “muitos peixes d’este nome que se pescavam em frente da Villa” (Pinho Leal), Muge perdeu o populoso local de Marinhais em 1928, que formou freguesia própria. Perdeu também grande número de habitantes, que em 1950 era de perto de cinco mil e hoje não chega aos dois milhares.
P. Agostinho, CM
(Fonte da resenha histórica: Junta de freguesia de Muge)
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