sábado, 28 de janeiro de 2017

O Carisma dom de Deus para os homens
Já lá vão 400 anos(1617) quando se começou a escrever uma história bonita graças ao dom (carisma) que o P. Vicente de Paulo recebeu de Deus para o serviço da Igreja e da Sociedade.
Para serviço da Igreja, criando uma onda de renovação que passa pela formação do laicado(Missões Populares)e sua corresponsabilidade em serviços paroquiais (as Confrarias da Caridade),pela formação do Clero com a abertura deSemináriosretiros para Sacerdotes e leigos,e as Conferências das Terças feirascom a preocupação daquilo que nós hoje chamamos a formação permanente.
Para o serviço da Sociedade, sempre sob o impulso da Caridade, tudo o que era carência humana a necessitar de resposta e de intervenção urgentesesteve na mira do P. Vicente de Paulo: a fome e a paralisação da vida rural causadas pelas ondas sucessivas de pestes e pelas guerras; as vagas de refugiados dessas zonas em procura de abrigo nas cidades; a guerra civil resultado das ambições políticas e dos desentendimentos entre o primeiro-ministro (Mazarino) e o parlamento; a libertação dos escravos aprisionados pelos berbéres na costa mediterrânica de França e “armazenados”em Túnis, à espera de resgaste ou de venda; os condenados a remar nos barcos da armada francesa em condições infra-humanas; a falta de recursos, materiais e humanos que não permitia o tratamento das pessoas com eficiência e dignidade, nos hospitais…Nem a diplomacia escapou ao “olhar pastoral” de Vicente Paulo…
Para dar resposta a todas estas situações clamorosas,o S. Vicente de Paulo mobilizou o que de melhor e mais nobre tinha a sociedade francesa: homens e mulheres, ricos e pobres, clérigos e leigos, moças do campo e senhoras aristocratas da cidade, pessoas solteiras, casadas ou viúvas… Todos impelidos pela força do amor tal como se exprime no capítulo XXV de Mateus. Foi este dom recebido por Vicente que contribuiu para que se escrevesse esta história que constitui uma das páginas mais belas da Igreja de França…e faz com que ele, P. Vicente, seja considerado um dos precursores do estado social moderno de que a Europa de hoje tanto se orgulha.
Esta história começou a ser escrita em Português há trezentos anos(1717) com a chegada dos padres da Congregação da Missão a Portugal. E aqui o carisma do P. Vicente de Paulo revelou-se tão vivo e tão atuante como em França. Percorreu todo o País,ultrapassou fronteiras,chegou ao Brasil,a Goa e a Macau… e a Moçambique. Por duas vezes foi cortado cerce com garantias de extermínio(1834 e 1910), outras tantas vezes rebentou, floriu e deu frutos…A história continua a escrever-se e é tão bela como nos primórdios porque o conteúdo é o mesmo: incarnar o amor de Deus tornando-o percetível por cada homem e por cada mulher de hoje a quem o rosto misericordioso de Deus se quer manifestar. Duas coisas são urgentes, porém: novos agentes para continuar a escrita desta “história”e mudança de mentalidade para entender e ser entendido por esta sociedade no meio da qual vivemos e aquemsomos continuamente enviados. Garantia de que isso é possível,a frase do P. Vicente: “O amor é inventivo até ao infinito”. Eis o segredo do seu êxito. É certamente também o nosso.
P. José Augusto GonçalvesAlves, CM
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