sábado, 27 de setembro de 2014

Caridade e Missão (*)

27 de Setembro - S. Vicente de Paulo

“Que aquele que ama a Deus ame também ao seu irmão” (1Jo. 4, 21). Com estas palavras do Apóstolo João, desejo unir-me, pelo pensamento e pela oração, a toda a Família Vicentina, em acção de graças, pelo dom de S. Vicente de Paulo. Estas palavras do apóstolo foram ilustradas, de maneira luminosa, pela existência dos vossos Fundadores (Vicente de Paulo e Luísa de Marillac).
E foi assim, porque eles acreditaram no amor, e por isso, colocaram-se ao serviço de seus irmãos e irmãs. Que esta mesma fé seja luz e força no serviço dos mais abandonados e dos mais simples da nossa sociedade, geralmente desprezados em sua situação.
Procurando viver sob o signo da “Caridade e Missão”, quereis com toda a justeza assinalar aquilo que está no coração da herança que recebestes. Como deixei escrito na minha primeira encíclica, as figuras como Vicente de Paulo e Luísa de Marillac “continuam a ser modelos insignes de caridade social para todos os homens de boa vontade. Os santos são verdadeiros portadores de Deus na história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e amor” (Deus caritas est, 40).

Por isso, eu vos exorto a que sejais audazes, no meio dos homens e mulheres do nosso tempo, para que os vossos compromissos em favor da pessoa humana sejam de facto manifestações do amor de Deus e não simples expressão de humanismo ou de filantropia.
A intuição de Vicente de Paulo em encontrar colaboradores nos sacerdotes, nas pessoas consagradas e nos leigos é um bem precioso que a Família Vicentina se compromete, a título justo, a desenvolver, para um melhor desempenho da missão da Igreja.
Desta maneira, vós sereis sempre muito eficazes, para que o Evangelho seja anunciado a todos e para que todo o homem possa reencontrar a sua dignidade de filho de Deus, no âmbito dum mundo unido e solidário. Que Deus vos ajude a permanecer sempre fiéis à herança que recebestes e a vivê-la com fé e generosidade!
Confio-vos à intercessão de S. Vicente de Paulo, de Santa Luísa de Marillac e de todos os santos e bem-aventurados de toda a Família Vicentina. Envio-vos, com todo o coração, uma afectuosa bênção apostólica.
Vaticano, 14 de Junho de 2010
(Bento XVI, papa)





(*) – Texto enviado pelo Papa-emérito, Bento XVI, ao Superior Geral da Congregação da Missão, por ocasião dos 350 anos da morte de S. Vicente de Paulo e de Sta Luís de Marillac)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Uma leiga na matéria


No passado dia 11 de Setembro foi celebrado, na capela do Seminário de São José, em Oleiros – Lagares, o dia do Santo e Mártir João Gabriel Perboyre. Mas não foi só a este santo que a cerimónia serviu como celebração.
João Soares, seminarista da Congregação da Missão, escolheu esse dia para anunciar o seu Bom Propósito. Mas vamos por partes.


Quem foi João Gabriel Perboyre?
João Gabriel Perboyre nasceu em Montgesty, no sul da França em 1802. Aos 15 anos entrou para o seminário de Montauban onde o seu tio e padre era reitor. Um ano depois, fez provas de firmeza da sua vocação, sendo o seu propósito: “Quero ser missionário…Oh, como é bela a cruz plantada em terra infiel e regada com o sangue dos apóstolos de Jesus Cristo”.
Foi nessa altura que entrou para o Seminário Interno da Congregação da Missão. Terminados os estudos, S. João Perboyre não pode ser imediatamente ordenado devido à sua tenra idade, isso só acontecera a 23 de Setembro de 1826. Um ano depois de ter sido ordenado, foi nomeado superior do Seminário de Saint- Flour e, em 1832, director do Seminário Interno, em Paris.


Ir para a China a fim de pregar Jesus Cristo
Quando estava no Seminário Interno S. João Perboyre recebeu a notícia do martírio do Padre Francisco Régis Clet, depois de longos anos de trabalho missionário na China. Anos mais tarde, aquando da chegada a Paris das relíquias do Padre Clet, João Perboyre exclamou perante os seus formandos: “Quisera eu ser mártir como Clet! Peçam a Deus que a minha saúde se fortifique para que eu possa ir à China a fim de pregar Jesus Cristo e morrer por Ele”.
E assim foi feita a sua vontade. A 1835 partiu para a China, permanecendo, inicialmente, 4 meses em Macau. João Gabriel de Perboyre não se deixou intimidar e lançou-se de corpo e alma à missão: aprendeu o idioma chinês, mandou rapar a cabeça, excepto um punhado de cabelo atrás, prolongado por uma trança postiça, e deixou crescer o bigode.


Primeiro missionário da China a ser canonizado
Entretanto foi denunciado e preso na perseguição de 1839. Permaneceu um ano no cativeiro, sofrendo torturas cruéis, até ser amarrado a uma cruz e estrangulado, no dia 11 de Setembro de 1840. Beatificado em 1889, João Gabriel Perboyre foi proclamado santo pelo Papa João Paulo II em 1996. Festejado no dia da sua morte, tornou-se o primeiro missionário da China a ser declarado santo pela Igreja.


Bom Propósito: Momento de grande importância




No dia da morte de S. João Gabriel de Perboyre, o seminarista, e meu irmão, João Soares celebrou o seu Bom Propósito. Ou seja, perante Deus, perante os seus irmãos da Congregação da Missão revelou quais são as suas intenções no seu futuro e percurso na Congregação. Depois de um ano de Seminário Interno internacional, em Nápoles, o João, ao fazer o seu Bom Propósito, torna-se membro oficial da Congregação da Missão - Padres Vicentinos.
Foi uma cerimónia marcada pela emoção. Como irmã, estive presente neste momento de grande importância neste percurso bonito que o João tem feito. Tenho acompanhado o seu caminho e foi uma sensação de extrema felicidade e orgulho ver que o meu irmão deu mais um passo no compromisso com esta vida e vivência em Cristo e para Cristo, que por vezes é incompreendida.


A caminhada continua. Estamos todos contigo!


Agora segue-se uma nova fase para ele, depois do Seminário Interno e da proclamação do seu Bom Propósito, acontece a ida para Salamanca para terminar o curso de Teologia. Certamente será mais uma prova que terá de ultrapassar, como tantas outras que já foram ultrapassadas. Força irmão! Estamos todos contigo!
E citando Ricardo Reis, de que gosto muito como sabes, deixo-te aqui um poema de encorajamento:
“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. / Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive”.

Tua irmã


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Jornadas Missionárias e III Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil


 Família, um projecto” foi o tema das Jornadas nacionais, missionárias e juvenis, promovidas pelas Obras Missionárias Pontifícias e pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, que decorreram no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, nos dias 20 e 21 de Setembro de 2014, com a presença de cerca de trezentos participantes, provenientes de várias Dioceses, de Institutos de Vida Consagrada e de muitos Grupos de Leigos que se dedicam à Missão.
Na senda dos importantes acontecimentos da vida da Igreja dos próximos tempos – Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos “Desafios pastorais sobre a Família no contexto da evangelização”, Assembleia Ordinária dos Bispos, em Roma, e Encontro das Famílias, em Filadélfia – fomos chamados a fazer um caminho de discernimento para procurar encontrar os meios pastorais que ajudem as famílias a enfrentar os desafios actuais com a luz e a força do Evangelho. A opção pela família nestas Jornadas tornou-se oportuna, urgente e desafiadora porque levou a um contínuo esforço de repensar a realidade da família de hoje em ordem a uma valorização, para que esta viva como proposta activa e modelo a seguir o amor doação, total e sem limites, Jesus Cristo.


Família, lugar por excelência da Missão
No dizer do papa Francisco “as famílias constituem o primeiro lugar onde nos formamos como pessoas e, ao mesmo tempo, são os ‘tijolos’ para a construção da sociedade”. Assim, a família é escola insubstituível de afectos, valores e virtudes humanas e sociais, é ponto de partida e de convergência para a transformação e promoção da sociedade na dinâmica dos tempos. A família é o lugar por excelência da Missão, pois nela se faz o primeiro anúncio do Evangelho, se aprende a abertura ao outro, se descobre que somos irmãos e irmãs, que vivemos num mundo criado por Deus, a Família, por excelência.
Nestas Jornadas, com um leque alargado de palestrantes versando áreas diversas e transversais, longe de se ter em mente apontar respostas, pretendeu-se levantar questões que se colocam à família hoje nos vários campos da psicologia, da educação, da comunicação e da teologia, mergulhando numa reflexão sobre a Pastoral Familiar no contexto da evangelização; como enfrentar situações difíceis: uniões de facto, recasados; jovens e namoro-descoberta vocacional; família e voluntariado missionário; abertura à vida-natalidade, fecundidade, trabalho; desafios sociais e políticas familiares, sem esquecer o Evangelho e a missão da família.
Ao desencanto que nos pode assaltar quando constatamos o baixíssimo índice de fecundidade e o tão acentuado envelhecimento da população do nosso país, contrapomos a esperança que nasce quer do desejo de tantos em inverter tais situações quer da consciência política de alguns em pôr fim a medidas desconexas e sinais contraditórios e envolver muitos em novas opções de promoção da vida.


Conclusões
Para que a “Família se torne aquilo que é” na expressão feliz de S. João Paulo II, pede-se à família que seja santuário de vida pois esta é a única dádiva que renova o mundo; que descubra e valorize no seu todo e em cada um dos seus membros as 7 maravilhas do mundo: ver, ouvir, tocar, provar, sentir, rir e amar; que seja criativa como o Pai é Criador; que cumpra a sua missão educativa, no ser, no agir e na coerência do testemunho; que seja plataforma que cria relações verdadeiras e afectos honestos; que se abra ao bem comum, em comunidade e em corresponsabilidade; que seja lugar de amor e de alegria e guardiã da dignidade humana e da esperança do amanhã.
Aos servidores do bem comum e responsáveis pelas decisões socais e políticas exige-se que sejam amigos da família, que apostem na renovação das gerações, que promovam a valorização das pessoas e lhes ofereçam os meios para o crescimento e o desenvolvimento saudável e sustentável, no trabalho, na educação e na segurança e que permitam boas perspectivas de futuro.
Á Igreja pede-se que seja mãe, que esteja atenta, que abra os braços, que vá ao encontro e ajude as famílias a vencer as dificuldades para que vivam o projecto de Deus; que proporcione o encontro das pessoas e se torne fonte de vida para as famílias, para que sejam elas as protagonistas da evangelização para outras famílias.

Todos para todos
A família, como célula e um bem precioso é um projecto intentado, onde todos, como arquitectos e empreiteiros, num trabalho sempre inacabado e sempre desafiador a exigir responsabilidade, serenidade e mestria. Por vezes, esta obra de arte que é a família, é realizada no meio duma sociedade tantas vezes indiferente ou adversa ao que pensamos e queremos. Sempre, e agora mais do que nunca, em família e como família, onde todos são para todos, temos de caminhar juntos, sendo testemunhas fortes e credíveis, portadores de luz e esperança. As próximas Jornadas serão em Fátima nos dias 19 e 20 de Setembro de 2015.

Envio em Missão

Na Eucaristia internacional, presidida por D. José Traquina, foram enviados cinco missionários. Dois irão para as Missões “Ad Gentes” e três, para as Missões Populares. Estes e todos nós, à luz da mensagem do Evangelho do 25º domingo comum, somos chamados a ser trabalhadores da Vinha do Senhor. Ele convida, Ele continua a chamar a qualquer hora do dia, Ele envia em Missão: “Vinde vós também para a minha Vinha!” “Ide e fazei meus discípulos!”. “Eu estarei sempre convosco!”


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

sábado, 6 de setembro de 2014

JORNADAS MISSIONÁRIAS 2014



Família, um projecto…”

Nos dias 20 e 21 de Setembro em Fátima, juntamente com a Pastoral Juvenil, realizam-se as Jornadas Missionárias com o tema “Família, um projecto…”


Um tema que é de grande actualidade quer social quer eclesiológico, uma vez que o papa Francisco colocou a Família no centro das suas preocupações, com um sínodo extraordinário em Outubro de 2014 e um sínodo ordinário em 2015.

Podemos perguntar: “Mas este tema tem a ver com a Missão?”. Penso que tudo o que é humano diz respeito à Missão, como diz respeito à Igreja. O próprio Jesus viveu numa família. Aí cresceu, aprendeu a amar, a andar, a falar, a rezar… A própria Missão nasce de Deus Família, encarna-se numa família biológica, cultural, religiosa. Não é missão da Igreja fazer da humanidade uma família? É por isso que a família é sempre um projecto em todas as suas vertentes e componentes.

Estas Jornadas, estou em crer, abordam a família nas suas diversas componentes e descobriremos que deveremos estar nas famílias com benevolência, apoiando os seus desejos de viverem melhor, de ser comunidades de fé, de partilha, de respeito, de atenção, de crescimento e de solidariedade. E ao mesmo tempo, alertar para tudo o que faz definhar: a violência, o ciúme e a inveja, a mentira.

Uma família é o lugar do diálogo. Graças à palavra a criança aprende a dar nome ao mundo, e a exprimir os seus sentimentos: o seu amor e os seus medos, a sua confiança, os seus desejos e as suas inumeráveis questões. É aí que conhece a relação entre o amor e a verdade, o perdão e a solidariedade, o “eu” o “nós” e os “outros.

Se as famílias são frágeis por definição, elas são ao mesmo tempo esse lugar único onde sempre se pode manifestar o milagre de amar de novo, amar ainda mais, para além das incompreensões, sofrimentos, desilusões. Amar e sentir-se amado. É que o amor de Deus faz que da sua própria família nos abramos a uma nova família: à família da sociedade, à família da Igreja, à família do mundo. E isto é Missão!

Inscreve-te e participa! As Jornadas também têm necessidade do teu ponto de vista e do teu contributo para anunciar novamente a beleza da família cristã.

P. António Lopes, SVD
Director Nacional OMP