segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Missa de encerramento da Missão Popular

Após quatro semanas de Missão Popular na Paróquia de Cucujães, fica um resumo,  em video, da Eucaristia de encerramento.

Em breve, mais notícias.


https://www.facebook.com/missaopopular.cucujaes/videos/364941647632422/?t=5

sábado, 19 de outubro de 2019

MISSÃO POPULAR VICENTINA EM CUCUJÃES



MISSÃO POPULAR – CUCUJÃES de 21 outubro a 17 novembro

Esta Missão Popular tem um esquema e dinâmica diferente do esquema tradicional. Teremos 4 equipas ao longo de 4 semanas.

1ª semana: (21 a 26 outubro)
                        Pe Álvaro; Pe César; Irmã Márcia; Teresa Matos

2ª semana: (27 outubro a 2 novembro)
                        Pe Álvaro; Pe Pedro; Irmã Márcia; Isabel Ribeiro

3ª semana: (3 a 9 novembro)
                        Pe Álvaro; Diácono João; Irmã Márcia; Célia Rodrigues

4ª semana: (10 a 17 novembro)
                        Pe Álvaro; Pe César; Irmã Márcia; Isabel Ribeiro

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Apontamentos da participação nas Jornadas missionárias 2019 que decorreram em Fátima, sob o tema “batizados e enviados: a missão evangelizadora do Cristão”.


Dos temas apresentados pelos oradores, cada um dos participantes sentiu-se envolvido no desafio de que “Todos, Tudo e Sempre em Missão. Algumas das ideias retiradas dos temas expostos.

D. Manuel Linda ajudou-nos a refletir sobre “Batizados e Enviados. A Igreja de Cristo em Missão no mundo. Porquê? Para quê?
A Missão está no centro da vida da Igreja.
É necessário que todo o povo de Deus – consagrados e leigos – se sintam impelidos a anunciar a Boa Nova da Salvação, que é Jesus Cristo. Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas.   Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho (Hb 1, 1-2)
Ao longo da história da salvação, o nosso Deus enviou mensageiros – homens e mulheres a preparar a “Revelação Plena”, para “experimentar Deus”, a partir do coração.
O mensageiro principal foi Jesus Cristo, que vem revelar a vida e o amor de Deus – Salvação.
Missão é fazer ver o rosto do Pai e ajudar os outros... Depois de ter sentido a presença de Deus nos sacramentos, principalmente na Eucaristia, todo o crente é enviado ao mundo em missão.
 Batismo e Missão” – O Batismo precede a missão e insere-nos em Cristo, porque só quem está inserido em Cristo é que o pode anunciar e testemunhar, repetindo as suas palavras e os seus gestos, fazendo com que Ele seja conhecido e amado por todos.

Do tema Missão como “Intimidade itinerante” (EG23) nas igrejas locais, com vista à construção de “uma nova terra e novos céus” (Ap 21) apresentado pelo Pe. Eloy Bueno.

A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discipulos, é uma alegria missionária” (EG 21)
A alegria nasce do encontro com o ressuscitado. Essa alegria brota da intimidade com Jesus, consolida a união dos discípulos e impele a anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares.
A intimidade pressupõe um encontro, que transforma a própria vida – experimenta-se de modo natural e espontâneo. Dessa intimidade brota o dinamismo missionário.
A partir desse encontro é impelido a comunicar a “alegria” que mudou a sua vida, tornando-se disponível para levar a todos o anúncio de que é portador - o Evangelho de Jesus Cristo.
A Igreja é necessária para que a missão possa ser realizada:
- A Igreja local – são as pessoas que, num lugar, prolongam a missão de Cristo. Todos são convocados para o anúncio da alegria que brota da Trindade. Unidos celebram o mistério Pascal e a partir daí, com o seu testemunho anunciam o Evangelho e praticam a caridade.
- A Igreja local nasce da missão e vive para a missão. A ação missionária vai gerando uma comunidade que procura tornar presente o dinamismo do Pentecostes: no meio de uma pluralidade de pessoas criam unidade e tornam-se lugar de encontro.
Assim, é a experiência em Igreja local, porque é aí que se encontra com Jesus Cristo e todos os cristãos experimentam essa intimidade, da qual brota a alegria que se deseja missionária e permanente.
Cada Igreja dá testemunho do seu lugar e sente-se responsável pela sua Igreja (Act-13-1).

Missão intercultural. Como derrubar os muros da hostilidade que nos separam (cf. Ef 2, 14), apresentado pelo Pe. José Antunes.

Os cristãos participam na missão de Cristo quando trabalham para eliminar o ódio que separa e corrói, que criam distância e inimizades entre as pessoas.
Inspirados por S. Paulo devemos ser “homens novos”, reconciliados com Deus. Cristo alarga a comunidade (nova e reconciliada) onde todos são um só em Cristo Jesus (Carta aos Gálatas).
Há muros que afetam a Igreja, as nossas paróquias e as nossas comunidades: Temos o dever de saber reconhecer as diferenças culturais; Através do diálogo, da capacidade de escuta e do desprendimento de nós próprios (das nossas ideias e interesses) acolher o outro naquilo que ele tem para dizer e para oferecer.
A nossa missão é derrubar esses muros e lançar as sementes da união e da concórdia, acolhendo e valorizando as diferenças.

Mas para que a missão aconteça é necessário deixar-se inundar pelo Espírito Santo. Para nos ajudar neste desafio, falou-nos o D. António Couto:
Como recuperar o eco de Pentecostes? O Espírito que se manifesta como força que convida a ir sempre mais além.

Da Eucaristia à Missão. Para uma Pastoral missionária em “saída”, apresentado por D. José Cordeiro.

A Igreja vive da Liturgia. A Liturgia é transmissão de Fé.
A Liturgia é espiritualidade cristã, no sentido em que sintetiza todo o desígnio salvífico de Deus realizado na Bíblia e atualizado nas ações litúrgicas.
A Liturgia baseia-se em 3 aspetos: escuta da Palavra / a visão da Glória  e a experiência do Mistério.
Traduzem a atitude da pessoa humana com o mistério de Cristo. Representam sinais através dos quais a Liturgia se fundamenta para mostrar o rosto de Cristo.
Ser missionário é testemunhar o amor de Deus aos outros”. “É semear a esperança a todos os que andam oprimidos”. ”O Senhor enviou-me a anunciar ”.
A missão é a essência da vocação cristã.
Pelo sacramento do Batismo entramos na vida de fé, da fé comprometida, que testemunha a santidade de uma vida configurada aos valores do Evangelho.
O Batismo infunde em nós a força do Espírito Santo para a missão, e nós assumimos, na liberdade e gratuidade, o compromisso de seguir de Jesus, adotando um novo modo de ser e de viver em comunhão com Deus e com os irmãos.
Revestidos da força do que vem do Alto – o Espírito Santo, todos nós que fomos batizados, somos inseridos no Corpo de Cristo e torna-mo-nos com Ele um instrumento de Deus para a salvação dos irmãos.
Todo batizado é, ou deveria ser, um missionário comprometido com a Palavra de Deus, o Verbo Encarnado do Pai, por quem Ele vive sua vocação.

Jesus continua a chamar e a convidar para o anúncio do Evangelho.
Requer de nós a decisão livre e responsável para sermos seus colaboradores na Missão de Evangelizar, que não consiste em fazer coisas, mas em ser sinal do amor de Deus no mundo. 
“É mais importante o que fazemos da vida, do que aquilo que fazemos na vida”.
Há muitos cristãos (homens e mulheres), que a partir da experiência do amor de Deus, estão disponíveis para fazer um caminho no seguimento de Cristo, assumindo o compromisso do anúncio e do testemunho do Evangelho, colocando-se ao serviço dos irmãos.

… “Somos todos Missão nesta Terra;
     Faz de mim um instrumento de Amor”….
É esta a mensagem transmitida pelos Jovens da JMV no hino que nos convida à Missão.
Assim, pelo nosso Batismo, a nossa vocação torna-se convocação.
Somos todos convocados para a Missão, vivendo com Jesus, como Jesus e por Jesus.
Por Ele seremos enviados para anunciar e testemunhar a mensagem da Boa Nova da Salvação, assumindo o compromisso de ser o “sal” da terra e a “luz” do mundo.

Célia Rodrigues

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Jornadas Missionárias 2019


As Obras Missionárias Pontifícias (OMP) vão promover a sua jornada de estudos, com o tema ‘Batizados e enviados – A missão evangelizadora do cristão’, nos dias 28 e 29 de setembro, no Seminário Verbo Divino, em Fátima.
As jornadas missionárias nacionais têm como objetivo “avaliar o percurso missionário feito” e “incendiar de espírito missionário” do novo ano pastoral que começa, ” às portas de outubro, mês Missionário por excelência”.
O encontro começa com a intervenção do presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, D. Manuel Linda, que vai apresentar o tema ‘Batizados e Enviados. A Igreja de Cristo em Missão no mundo. Porquê? Para quê?’.
O padre Eloy Bueno de la Fuente, professor catedrático da Faculdade de Teologia de Burgos, vai falar da Missão como “intimidade itinerante”(EG 23) nas igrejas locais com vista à construção de “uma nova terra e novos céus”(Ap 21).
No dia 28 de setembro, há mais duas intervenções, da parte da tarde, com o padre José Antunes da Silva – ‘Missão intercultural. Como derrubar os muros da hostilidade que nos separam? (cf. Ef 2,14)’  e depois o bispo de Lamego, D. António Couto, vai explicar ‘como recuperar o eco de Pentecostes? O Espírito que se manifesta como força que convida a ir sempre mais além’.
O programa do segundo e último dia de jornadas conta com uma intervenção de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, com o tema ‘Da Eucaristia à Missão. Para uma Pastoral missionária “em saída”’, e termina com a Eucaristia de envio e apresentação de conclusões.
As Obras Missionárias Pontifícias informam que o dia 16 de setembro é a data limite para as inscrições nas Jornadas Missionárias 2019.


Jornadas Missionárias


Programa


Sábado – 28 de Setembro

09h00 – Acolhimento
10h00 – Oração
10h15 – Abertura: Batizados e Enviados. A Igreja de Cristo em Missão no mundo. Porquê? Para quê? – D. Manuel Linda
11h15 – Intervalo
11h45 – Missão como “intimidade itinerante”(EG 23) nas igrejas locais com vista à construção de “uma nova terra e novos céus”(Ap 21). – P. Eloy Bueno de la Fuente
12h45 – Intervalo
13h00 – Almoço
16h00 – Missão intercultural. Como derrubar os muros da hostilidade que nos separam? (cf. Ef 2,14). – P. José Antunes da Silva
17h00 – Intervalo
17h30 – Como recuperar o eco de Pentecostes? O Espírito que se manifesta como força que convida a ir sempre mais além. – D. António Couto
18h30 – Intervalo
19h00 – Oração Missionária
19h30 – Jantar
21h30 – Convívio Missionário

Domingo – 29 de Setembro

10h00 – Oração
10h15 – Da Eucaristia à Missão. Para uma Pastoral missionária “em saída”. – D. José Cordeiro
11h15 – Intervalo
11h45 – Eucaristia – Envio e Conclusões
13h00 – Almoço e regresso a casa



sexta-feira, 31 de maio de 2019

Dia das Comunicações Sociais


Esta é a rede que queremos!

“Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do único corpo cuja cabeça é Cristo. O panorama atual convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força de razão nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade de crentes. De facto, a própria fé é uma relação, um encontro; e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender o dom do outro e corresponder-lhe. A imagem do corpo e dos membros recorda-nos que o uso das redes sociais é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expectação de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar junta a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso. Assim, podemos passar do diagnóstico à terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho... Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [«like»], mas na verdade, no «ámen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros”.

Papa Francisco

terça-feira, 14 de maio de 2019

SEMANA DA VIDA


O Valor da Vida não se questiona. A história da humanidade assim o confirma. Até mesmo nos momentos mais violentos e mais dramáticos, esteve sempre em causa a defesa da Vida de um alguém, isolado ou coletivo.
O Valor da Vida não se adjetiva. Não há palavras que descrevam o valor da vida de cada um, para cada um.
O Valor da Vida ultrapassa toda a beleza, porque o conceito de beleza é tão pessoal, tão evolutivo, tão perene.
O Valor da Vida ultrapassa todos os excessos verbais, porque escapa até mesmo à imensa criatividade do homem. Faltam as palavras, quando queremos definir o valor da Vida.
O Valor da Vida não se circunscreve no tempo. Tem um passado, repleto de vidas que nos trouxeram ao nosso presente, que geram outras vidas, vidas essas que projetam o futuro. Na vida de cada um, há o mistério de um passado e o mistério de um futuro, que se constrói na verdade do presente.
O Valor da Vida como que cresce à sombra de árvores frondosas, com troncos sólidos e robustos. Árvores que nos revelam como são os pequenos galhos que sustentam as folhas que crescem com o tempo e são os ramos ligeiramente mais fortes que alimentam os galhos. E estes ramos entroncam na solidez de um tronco, que pode ser robusto e seguro, ou pode ser agitado pelo vento, capaz de se dobrar, mas não de se partir.

Se pensarmos nestas árvores frondosas como famílias com gente de carne e osso, percebemos melhor como pode o Valor da Vida crescer no seio de uma Família. Famílias, onde há folhas tão diferentes, umas frágeis outras robustas; onde há galhos que se esgalham e outros que são lançados por uma brisa ou um vendaval; onde há ramos que se partem e outros que resistem a todas as tempestades. E no tronco, corre a seiva, que a todos alimenta, que é vital. O tronco onde se encostam cansaços, onde se sussurram memórias, palavras de amor, histórias antigas da Família.
À sombra de uma Família, todos cabem, todos crescem, todos vivem. À sombra de uma Família, há passado e presente e futuro. À sombra de uma Família, o vento sopra, a chuva parte ramos e galhos, pode até despi- -la de todas as folhas, mas está lá, pronta a viver longos Invernos e a renascer em cada Primavera; pronta a mostrar a beleza das folhas caídas no Outono e a suportar o sol implacável de cada Verão.
Se pensarmos que a Igreja é esta Família, capaz de dar sombras a quem foge do sol, capaz de ser tronco onde se descansam costas cansadas, capaz de deixar ver o céu, por entre copas frondosas, de deixar ouvir brisas suaves e pássaros felizes; se pensarmos que a Igreja é esta Família onde todos têm o seu lugar, onde há ramos antigos, cheios de rugas e folhas tenras, que nascem a cada Primavera, se pensarmos assim, não precisamos de procurar palavras, nem de enumerar grandes questões, não nos afligimos com o tempo que passa, inquietos com o futuro, melancólicos com o passado, acabando por deixar passar o presente, como nos passa a areia pelas mãos, em praias repletas ou em desertos vazios.

Precisamos de voltar à beleza do que nos rodeia, para entendermos a Vida, para a defendermos com toda a alma, para nos empenharmos na construção do mundo que Deus nos entregou; capazes de tanto que somos, seremos também capazes de entender que a defesa da Vida passa claramente, pela defesa da Família e, de um modo tão atual e pertinente, pela atenção aos mais novos?...
O Papa Francisco foi claro quando no Panamá afirmou que os jovens não são Futuro mas Presente. Esta sua certeza leva-nos a refletir sobre as palavras do Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Joaquim Mendes, na sua intervenção, aquando da 14.ª Congregação sinodal: “Creio que não se pode educar e evangelizar sem chegar ao coração, e para chegar ao coração é preciso amar, acolher incondicionalmente, proporcionar uma experiência impregnada de um verdadeiro espírito de família”.
E só uma “Igreja-família” é capaz de dar resposta aos anseios dos jovens, assinalando que muitos se sentem “órfãos” porque “Há um sentimento de orfandade em muitos jovens. São numerosos os que nasceram e cresceram numa família desestruturada, que não sabem o que é uma família, que foram abandonados, que não foram amados”.
Se pensarmos na importância decisiva da Família na defesa da Vida, cujo valor não se questiona, nem se adjetiva, nem se circunscreve num tempo determinado; se sentirmos a Igreja como verdadeira Família de Famílias; se acreditarmos que : “Só um testemunho de amor materno de uma Igreja-família pode tocar o coração dos jovens e abrir caminho para o seu encontro pessoal com Jesus, com o Evangelho, conduzir à descoberta do sentido da vida, da alegria do serviço e do compromisso na transformação da própria Igreja e sociedade.” (D. Joaquim Mendes, na sua intervenção, a quando da 14.ª Congregação Sinodal)
Se deixarmos que todas estas palavras nos toquem o coração, a Semana da Vida vai para lá dos limites do seu tempo, desafia-nos enquanto Famílias, inquieta-nos enquanto cristãos.
Na Unidade Pastoral de Orgens e São Salvador, que tem os Padres Vicentinos como párocos, decorre no domingo 19 de maio o Dia da Família. 

segunda-feira, 6 de maio de 2019

SEMANA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES


Mensagem 56.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (12 de maio 2019)

Queridos irmãos e irmãs!

Depois da experiência vivaz e fecunda, em outubro passado, do Sínodo dedicado aos jovens, celebramos recentemente no Panamá a XXXIV Jornada Mundial da Juventude. Dois grandes eventos que permitiram à Igreja prestar ouvidos à voz do Espírito e também à vida dos jovens, aos seus interrogativos, às canseiras que os sobrecarregam e às esperanças que neles vivem.

Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, retomando precisamente aquilo que pude partilhar com os jovens no Panamá, desejo refletir sobre a chamada do Senhor enquanto nos torna portadores duma promessa e, ao mesmo tempo, nos pede a coragem de arriscar com Ele e por Ele. Quero deter-me brevemente sobre estes dois aspetos – a promessa e o risco –, contemplando juntamente convosco a cena evangélica da vocação dos primeiros discípulos junto do lago da Galileia (cf. Mc 1, 16-20).

Dois pares de irmãos – Simão e André, juntamente com Tiago e João – estão ocupados na sua faina diária de pescadores. Nesta cansativa profissão, aprenderam as leis da natureza, desafiando-as quando os ventos eram contrários e as ondas agitavam os barcos. Em certos dias, a pesca abundante recompensava da árdua fadiga, mas, outras vezes, o trabalho duma noite inteira não bastava para encher as redes e voltava-se para a margem cansados e desiludidos.
Estas são as situações comuns da vida, onde cada um de nós se confronta com os desejos que traz no coração, se empenha em atividades que – espera – possam ser frutuosas, se adentra num «mar» de possibilidades sem conta à procura da rota certa capaz de satisfazer a sua sede de felicidade. Às vezes goza-se duma pesca boa, enquanto noutras é preciso armar-se de coragem para governar um barco sacudido pelas ondas, ou lidar com a frustração de estar com as redes vazias.

Como na história de cada vocação, também neste caso acontece um encontro. Jesus vai pelo caminho, vê aqueles pescadores e aproxima-Se… Sucedeu assim com a pessoa que escolhemos para compartilhar a vida no matrimónio, ou quando sentimos o fascínio da vida consagrada: vivemos a surpresa dum encontro e, naquele momento, vislumbramos a promessa duma alegria capaz de saciar a nossa vida. De igual modo naquele dia, junto do lago da Galileia, Jesus foi ao encontro daqueles pescadores, quebrando a «paralisia da normalidade» (Homilia no XXII Dia Mundial da Vida Consagrada, 2/II/2018). E não tardou a fazer-lhes uma promessa: «Farei de vós pescadores de homens» (Mc 1, 17).
Sendo assim, o chamamento do Senhor não é uma ingerência de Deus na nossa liberdade; não é uma «jaula» ou um peso que nos é colocado às costas. Pelo contrário, é a iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso encontro e nos convida a entrar num grande projeto, do qual nos quer tornar participantes, apresentando-nos o horizonte dum mar mais amplo e duma pesca superabundante.

Com efeito, o desejo de Deus é que a nossa vida não se torne prisioneira do banal, não se deixe arrastar por inércia nos hábitos de todos os dias, nem permaneça inerte perante aquelas opções que lhe poderiam dar significado. O Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia-a-dia, pensando que afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se apaixonadamente e apagando a inquietação interior de procurar novas rotas para a nossa navegação. Se às vezes nos faz experimentar uma «pesca miraculosa», é porque nos quer fazer descobrir que cada um de nós é chamado – de diferentes modos – para algo de grande, e que a vida não deve ficar presa nas redes do sem-sentido e daquilo que anestesia o coração. Em suma, a vocação é um convite a não ficar parado na praia com as redes na mão, mas seguir Jesus pelo caminho que Ele pensou para nós, para a nossa felicidade e para o bem daqueles que nos rodeiam.

Naturalmente, abraçar esta promessa requer a coragem de arriscar uma escolha. Sentindo-se chamados por Ele a tomar parte num sonho maior, os primeiros discípulos, «deixando logo as redes, seguiram-No» (Mc 1, 18). Isto significa que, para aceitar a chamada do Senhor, é preciso deixar-se envolver totalmente e correr o risco de enfrentar um desafio inédito; é preciso deixar tudo o que nos poderia manter amarrados ao nosso pequeno barco, impedindo-nos de fazer uma escolha definitiva; é-nos pedida a audácia que nos impele com força a descobrir o projeto que Deus tem para a nossa vida. Substancialmente, quando estamos colocados perante o vasto mar da vocação, não podemos ficar a reparar as nossas redes no barco que nos dá segurança, mas devemos fiar-nos da promessa do Senhor.

Penso, antes de mais nada, no chamamento à vida cristã, que todos recebemos com o Batismo e que nos lembra como a nossa vida não é fruto do acaso, mas uma dádiva a filhos amados pelo Senhor, reunidos na grande família da Igreja. É precisamente na comunidade eclesial que nasce e se desenvolve a existência cristã, sobretudo por meio da Liturgia que nos introduz na escuta da Palavra de Deus e na graça dos Sacramentos; é nela que somos, desde tenra idade, iniciados na arte da oração e na partilha fraterna. Precisamente porque nos gera para a vida nova e nos leva a Cristo, a Igreja é nossa mãe; por isso devemos amá-la, mesmo quando vislumbramos no seu rosto as rugas da fragilidade e do pecado, e devemos contribuir para a tornar cada vez mais bela e luminosa, para que possa ser um testemunho do amor de Deus no mundo.
Depois, a vida cristã encontra a sua expressão naquelas opções que, enquanto conferem uma direção concreta à nossa navegação, contribuem também para o crescimento do Reino de Deus na sociedade. Penso na opção de se casar em Cristo e formar uma família, bem como nas outras vocações ligadas ao mundo do trabalho e das profissões, no compromisso no campo da caridade e da solidariedade, nas responsabilidades sociais e políticas, etc. Trata-se de vocações que nos tornam portadores duma promessa de bem, amor e justiça, não só para nós mesmos, mas também para os contextos sociais e culturais onde vivemos, que precisam de cristãos corajosos e testemunhas autênticas do Reino de Deus.

No encontro com o Senhor, alguém pode sentir o fascínio duma chamada à vida consagrada ou ao sacerdócio ordenado. Trata-se duma descoberta que entusiasma e, ao mesmo tempo, assusta, sentindo-se chamado a tornar-se «pescador de homens» no barco da Igreja através duma oferta total de si mesmo e do compromisso dum serviço fiel ao Evangelho e aos irmãos. Esta escolha inclui o risco de deixar tudo para seguir o Senhor e de consagrar-se completamente a Ele para colaborar na sua obra. Muitas resistências interiores podem obstaculizar uma tal decisão, mas também, em certos contextos muito secularizados onde parece não haver lugar para Deus e o Evangelho, pode-se desanimar e cair no «cansaço da esperança» (Homilia na Missa com sacerdotes, pessoas consagradas e movimentos laicais, Panamá, 26/I/2019).
E, todavia, não há alegria maior do que arriscar a vida pelo Senhor! Particularmente a vós, jovens, gostaria de dizer: não sejais surdos ao chamamento do Senhor! Se Ele vos chamar por esta estrada, não vos oponhais e confiai n’Ele. Não vos deixeis contagiar pelo medo, que nos paralisa à vista dos altos cumes que o Senhor nos propõe. Lembrai-vos sempre que o Senhor, àqueles que deixam as redes e o barco para O seguir, promete a alegria duma vida nova, que enche o coração e anima o caminho.

Queridos amigos, nem sempre é fácil discernir a própria vocação e orientar justamente a vida. Por isso, há necessidade dum renovado esforço por parte de toda a Igreja – sacerdotes, religiosos, animadores pastorais, educadores – para que se proporcionem, sobretudo aos jovens, ocasiões de escuta e discernimento. Há necessidade duma pastoral juvenil e vocacional que ajude a descobrir o projeto de Deus, especialmente através da oração, meditação da Palavra de Deus, adoração eucarística e direção espiritual.

Como várias vezes se assinalou durante a Jornada Mundial da Juventude do Panamá, precisamos de olhar para Maria. Na história daquela jovem, a vocação também foi uma promessa e, simultaneamente, um risco. A sua missão não foi fácil, mas Ela não permitiu que o medo A vencesse. O d’Ela «foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza de saber que é portadora duma promessa. Pergunto a cada um de vós: sentes-te portador duma promessa? Que promessa trago no meu coração, devendo dar-lhe continuidade? Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”. Com certeza teria complicações, mas não haveriam de ser idênticas às que se verificam quando a covardia nos paralisa por não vermos, antecipadamente, tudo claro ou garantido» (Vigília com os jovens, Panamá, 26/I/2019).

Neste Dia, unimo-nos em oração pedindo ao Senhor que nos faça descobrir o seu projeto de amor para a nossa vida, e que nos dê a coragem de arriscar no caminho que Ele, desde sempre, pensou para nós.

PAPA FRANCISCO


sexta-feira, 26 de abril de 2019

SANTA PÁSCOA!


Celebrando o Tríduo Pascal

Estamos a celebrar o ponto culminante de toda a liturgia da Igreja. É o Tríduo Pascal.
Não se trata de uma mera preparação para a festa da Páscoa, mas são três dias de Cristo Crucificado, Morto e Ressuscitado. Tem início na celebração da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, na missa vespertina, terminando com o Domingo de Páscoa.
Estas celebrações não têm a finalidade de contar a história, mas tornar presente, atualizar, tornar vivo o mistério da Cristo, que se entrega ao Pai por nós, e fazer-nos participantes deste seu dom, vida e comunhão com o Pai. Celebrando bem, vivemos tudo aquilo que fazemos através dos ritos celebrados. A Palavra de Deus anuncia a Salvação presente e os sinais sacramentais tornam presente ao cristão esta salvação. Cada cristão é convocado a participar ativamente nestas celebrações centrais da nossa fé. Na oração, meditação da Palavra, na fraternidade celebrativa, no esforço de entrar em comunhão com Cristo sofredor e ressuscitado, chegaremos ao que a Igreja nos propõe: renovados pelos sacramentos pascais, possamos chegar à glória da ressurreição.
A melhor maneira de celebrar o Tríduo Pascal é a participação atenta nas leituras, que proclamam o mistério da salvação presente e a comunhão com os símbolos e ritos realizados, não só com o corpo, mas com o coração cheio de fé. Certamente que dependerá do modo como nos aproximarmos destas celebrações, que viveremos a Páscoa com grande profundidade. Que elas sejam a força para o nosso caminho quotidiano.
 
Santa Páscoa para todos!
Pe Álvaro Cunha, CM

sexta-feira, 29 de março de 2019

Quaresma, em dimensão Vicentina


QUARESMA VICENTINA, PEREGRINAÇÃO AO CORAÇÃO: UM CAMINHO DE PERGUNTAS

“O pó que foi o nosso princípio, esse mesmo, e não outro, é o nosso fim, e porque caminhamos circularmente deste pó para este pó, quanto mais parece que nos apartamos dele, tanto mais nos chegamos para ele; o passo que nos aparta, esse mesmo nos chega; o dia que faz a vida, esse mesmo a desfaz. E como esta roda que anda e desanda juntamente sempre nos vai moendo, sempre somos pó.” P. António Vieira

 Com a frase ‘Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar!’ e com a imposição das cinzas, na forma de cruz, damos início ao percurso de quarenta dias que antecede e prepara a Páscoa. Um tempo forte de conversão para dar à nossa vida a direção certa. Em Génesis vemos que o “Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida” (Gn 2, 7). Esta passagem lembra-nos que sem o sopro divino de Deus o pó da terra continuaria pó da terra. Sem Deus ou fora Dele somos apenas e somente pó!

Como nos diz o Papa Francisco “Os grãos de cinza que receberemos pretendem dizer-nos, com delicadeza e verdade: de tantas coisas que trazes na cabeça, atrás das quais corres e te afadigas diariamente, nada restará. Por mais que te afadigues, não levarás contigo qualquer riqueza da vida. As realidades terrenas dissipam-se como poeira ao vento. Os bens são provisórios, o poder passa, o sucesso declina. A cultura da aparência, hoje dominante e que induz a viver para as coisas que passam, é um grande engano. Pois é como uma fogueira: uma vez apagada, ficam apenas cinzas. A Quaresma é o tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás de pó. Quaresma é descobrir que somos feitos para o fogo que arde sempre, não para a cinza que imediatamente desaparece; para Deus, não para o mundo; para a eternidade do Céu, não para o engano da terra; para a liberdade dos filhos, não para a escravidão das coisas.”

Uma virtude essencial para viver verdadeiramente a Quaresma é a humildade. Da mesma família etimológica que húmus e homem, a humildade aparece como chave para nos colocarmos no caminho do Amor. Uma humildade que, não só nos faz reconhecer o que somos e o que devemos ser, onde estamos e para onde devemos ir, o que fazemos e o que deveríamos fazer, mas descentra o nosso olhar sobre nós mesmos para olhar para Aquele que caminha connosco e em nós, e está sempre pronto a pôr mãos-à-obra, assim que recorremos a Ele. “Debaixo das cinzas da humildade, no espírito de Nosso Senhor” (SVP VIII, 176), encontramos o caminho para perceber se vivemos para o fogo ou se vivemos para as cinzas. Só o fogo do amor salva!

Para este caminho de oração e conversão proponho um exame de consciência, em forma de perguntas, que penso, útil para todos nós, missionários vicentinos:

I. “Contemplativo na ação e apóstolo na oração” - Opção fundamental pelos pobres.
A opção pelos pobres está enraizada em todas as minhas ações e em todas as minhas escolhas? Esta opção realiza-me? Vejo os pobres, descubro onde estão e vou ao seu encontro? Procuro encontrar justificações forçadas que mascarem a inexistência de um contacto verdadeiro com o pobre? Procuro refletir quais as novas categorias de pobreza que hoje existem, seguindo o exemplo de São Vicente de Paulo que, seguindo o espírito de Cristo, trabalhou com as franjas da sociedade do seu tempo? Os mais pobres, os mais desfavorecidos, os mais carentes da presença do Evangelho são sempre a minha primeira preocupação e o meu principal critério quando tomo decisões na minha vida, no meu grupo, na minha associação, na minha congregação? Quando sou chamado a evangelizar os pobres refugio-me no anúncio da Boa Nova relegando para outros o serviço prático, ou, pelo contrário, concentro o meu apostolado nas obras? Refugio-me nas MINHAS mil atividades esquecendo-me que sou um mero instrumento nas mãos de Deus e que tudo me foi dado para levar os homens a glorificar Deus? (cf. Mt 5, 16) Perco-me em discussões e reuniões infinitas para disputar poder, riqueza e reconhecimento, ou gasto a minha vida ao serviço de Deus nos pobres?

II. Estar atento à realidade que me envolve.
Qual é a minha presença no mundo que me envolve? Uma presença superficial ou envolvo-me concretamente na promoção de um mundo mais justo, quer a nível material quer a nível de valores? Os problemas do mundo só me mobilizam quando de alguma forma ‘sofro na pele’ com eles? Discuto e estudo, com outros, as mudanças do mundo e das pessoas? Concretizo possíveis soluções para resolver os problemas encontrados? Avalio a minha ação e abraço novas respostas, caso seja necessário? Visto a camisola da defesa dos direitos humanos e colaboro diretamente com associações ou movimentos que promovem a paz e a justiça?

III. Aprender com os pobres.
Os pobres são para mim uma verdadeira e constante escola de evangelização, ou tenho faltado às aulas? Os pobres são uma realidade artificial e relativa, pois nenhum é pobre o suficiente para me fazer “sair do sofá” ou em todas as pessoas posso encontrar formas de pobreza que justificam o meu “trabalho constante” com os pobres? Para melhor os ajudar tenho de sentir na pele as suas dificuldades. Vivo a pobreza? Como faço para experimentar as condições dos pobres? Aceito as condições/condicionantes das missões que faço? Adequo-me ao lugar onde estou, utilizando os meios que estão à minha disposição? Vivo como aqueles a quem sirvo, de forma a servi-los, ou escandalizo os outros com o meu modo de viver? Os grupos, movimentos, paróquias, associações, nas quais estou inserido, e que se dizem vicentinas, têm o pobre como seu carisma? Reconheço-me pobre diante de Deus oferecendo-Lhe toda a minha vida, a vida de todos aqueles que sirvo e a vida de todos aqueles que não têm quem reze e olhe por eles?

IV. “O Senhor...enviou-os dois a dois”
São os ‘meus’ pobres e a ‘minha’ missão, ou tudo o que faço é em nome da minha comunidade ou do meu grupo? O que sabem os outros da missão que faço? Quanto me interesso pelo trabalho desenvolvido pelos meus “companheiros de caminho”? São Vicente pensou sempre no trabalho em equipa, em comunidade, e qual é a minha postura? Bloqueio o trabalho com aqueles com quem devo trabalhar? Construo pontes no trabalho de equipa valorizando cada um, como é, para um trabalho frutuoso em conjunto, ou construo muros para que tudo o que faça tenha apenas um protagonista: eu próprio? Apresento-me com uma atitude construtiva, de permanente descoberta e aprendizagem, como uma esponja que tudo absorve para ser útil aos outros, ou encontro-me sempre fechado, cheio de certezas, intransigente face a opiniões diversas da minha, como uma rocha impermeável que tantas vezes é arremessada? Fomento o diálogo, a contestação, a participação nas decisões, a divisão de responsabilidades? Quando sou responsável por um grupo ou comunidade procuro desenvolver e estimular as qualidades de cada um dos seus membros? Animo o seu crescimento espiritual e ajudo a gastarem as suas vidas por Jesus Cristo, ou exerço a minha autoridade de forma implacável, absorvendo todas as tarefas e limitando responsabilidades individuais, tornando todos reféns da minha presença/decisão e com medo de caminharem pelos próprios pés.

V. Não sou daqui nem dali, mas de onde Deus quiser que eu esteja.
Sou o rosto e a alma do trabalho que faço ou deixo que Cristo assuma esse lugar? Sou uma pessoa desprendida e livre, ou apodero-me das tarefas que me foram confiadas e preocupo-me em manter, a todo o custo, a minha posição? Sou uma pessoa disponível ou fechada? São Vicente apelava, às irmãs, que tivessem por mosteiro a casa dos doentes, por cela um quarto de aluguer, por capela a igreja paroquial, por claustro as estradas da cidade… A mim, o que diria São Vicente? Diria que estou acomodado? Que procuro uma vida fácil, inserido nas estruturas existentes e pré-definidas? Que procuro fazer tudo sempre da mesma forma porque ‘se fez sempre assim’? Que não quero renovação, porque os mais novos não me percebem, não me respeitam, não sabem fazer bem as coisas? Diria que não quero deixar as responsabilidades que me foram atribuídas há anos? Que não quero mudar de grupo, fingindo que ainda me enquadro? Que não quero mudar de comunidade, porque é aqui que estão os meus amigos ou família? Vivo para a minha ‘capelinha’ ou realmente vivo para a missão de Cristo? Procuro refletir sobre o futuro e ajudar no crescimento universal da missão, ajustando-me e vendo nas mudanças uma oportunidade de manter viva a chama do carisma vicentino, ou, pelo contrário, perco-me em lutas e esquemas para manter-me onde quero e como estou, assumindo o lugar da Providência?

VI. Conversão: um caminho para a vida!
Qual a minha relação com Deus? Como vai o meu caminho de conversão: estou parado? “Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito.” (Rm 12, 2) Como aprofundo a minha configuração a Cristo? Como sigo o exemplo de São Vicente de Paulo? Aprofundo a minha paixão pelo Santo da Caridade? Com que frequência, bebendo da fonte, me deixo seduzir e estimular pelas palavras de São Vicente? Como posso seguir ao encalço do seu exemplo, como seguidor de Cristo, sem me esforçar a cada dia por conhecer melhor o seu pensamento? Se eu não deixar Jesus brilhar através de mim, se a chama do meu carisma tem falta de combustível, como posso atrair outros à beleza deste caminho? 

Francisco Vilhena