terça-feira, 14 de maio de 2019

SEMANA DA VIDA


O Valor da Vida não se questiona. A história da humanidade assim o confirma. Até mesmo nos momentos mais violentos e mais dramáticos, esteve sempre em causa a defesa da Vida de um alguém, isolado ou coletivo.
O Valor da Vida não se adjetiva. Não há palavras que descrevam o valor da vida de cada um, para cada um.
O Valor da Vida ultrapassa toda a beleza, porque o conceito de beleza é tão pessoal, tão evolutivo, tão perene.
O Valor da Vida ultrapassa todos os excessos verbais, porque escapa até mesmo à imensa criatividade do homem. Faltam as palavras, quando queremos definir o valor da Vida.
O Valor da Vida não se circunscreve no tempo. Tem um passado, repleto de vidas que nos trouxeram ao nosso presente, que geram outras vidas, vidas essas que projetam o futuro. Na vida de cada um, há o mistério de um passado e o mistério de um futuro, que se constrói na verdade do presente.
O Valor da Vida como que cresce à sombra de árvores frondosas, com troncos sólidos e robustos. Árvores que nos revelam como são os pequenos galhos que sustentam as folhas que crescem com o tempo e são os ramos ligeiramente mais fortes que alimentam os galhos. E estes ramos entroncam na solidez de um tronco, que pode ser robusto e seguro, ou pode ser agitado pelo vento, capaz de se dobrar, mas não de se partir.

Se pensarmos nestas árvores frondosas como famílias com gente de carne e osso, percebemos melhor como pode o Valor da Vida crescer no seio de uma Família. Famílias, onde há folhas tão diferentes, umas frágeis outras robustas; onde há galhos que se esgalham e outros que são lançados por uma brisa ou um vendaval; onde há ramos que se partem e outros que resistem a todas as tempestades. E no tronco, corre a seiva, que a todos alimenta, que é vital. O tronco onde se encostam cansaços, onde se sussurram memórias, palavras de amor, histórias antigas da Família.
À sombra de uma Família, todos cabem, todos crescem, todos vivem. À sombra de uma Família, há passado e presente e futuro. À sombra de uma Família, o vento sopra, a chuva parte ramos e galhos, pode até despi- -la de todas as folhas, mas está lá, pronta a viver longos Invernos e a renascer em cada Primavera; pronta a mostrar a beleza das folhas caídas no Outono e a suportar o sol implacável de cada Verão.
Se pensarmos que a Igreja é esta Família, capaz de dar sombras a quem foge do sol, capaz de ser tronco onde se descansam costas cansadas, capaz de deixar ver o céu, por entre copas frondosas, de deixar ouvir brisas suaves e pássaros felizes; se pensarmos que a Igreja é esta Família onde todos têm o seu lugar, onde há ramos antigos, cheios de rugas e folhas tenras, que nascem a cada Primavera, se pensarmos assim, não precisamos de procurar palavras, nem de enumerar grandes questões, não nos afligimos com o tempo que passa, inquietos com o futuro, melancólicos com o passado, acabando por deixar passar o presente, como nos passa a areia pelas mãos, em praias repletas ou em desertos vazios.

Precisamos de voltar à beleza do que nos rodeia, para entendermos a Vida, para a defendermos com toda a alma, para nos empenharmos na construção do mundo que Deus nos entregou; capazes de tanto que somos, seremos também capazes de entender que a defesa da Vida passa claramente, pela defesa da Família e, de um modo tão atual e pertinente, pela atenção aos mais novos?...
O Papa Francisco foi claro quando no Panamá afirmou que os jovens não são Futuro mas Presente. Esta sua certeza leva-nos a refletir sobre as palavras do Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Joaquim Mendes, na sua intervenção, aquando da 14.ª Congregação sinodal: “Creio que não se pode educar e evangelizar sem chegar ao coração, e para chegar ao coração é preciso amar, acolher incondicionalmente, proporcionar uma experiência impregnada de um verdadeiro espírito de família”.
E só uma “Igreja-família” é capaz de dar resposta aos anseios dos jovens, assinalando que muitos se sentem “órfãos” porque “Há um sentimento de orfandade em muitos jovens. São numerosos os que nasceram e cresceram numa família desestruturada, que não sabem o que é uma família, que foram abandonados, que não foram amados”.
Se pensarmos na importância decisiva da Família na defesa da Vida, cujo valor não se questiona, nem se adjetiva, nem se circunscreve num tempo determinado; se sentirmos a Igreja como verdadeira Família de Famílias; se acreditarmos que : “Só um testemunho de amor materno de uma Igreja-família pode tocar o coração dos jovens e abrir caminho para o seu encontro pessoal com Jesus, com o Evangelho, conduzir à descoberta do sentido da vida, da alegria do serviço e do compromisso na transformação da própria Igreja e sociedade.” (D. Joaquim Mendes, na sua intervenção, a quando da 14.ª Congregação Sinodal)
Se deixarmos que todas estas palavras nos toquem o coração, a Semana da Vida vai para lá dos limites do seu tempo, desafia-nos enquanto Famílias, inquieta-nos enquanto cristãos.
Na Unidade Pastoral de Orgens e São Salvador, que tem os Padres Vicentinos como párocos, decorre no domingo 19 de maio o Dia da Família. 

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