“Nova Evangelização e Missão, hoje”
Desta vez foi em Mértola que nos reunimos no dia 9 de Fevereiro, para mais um momento de partilha, aprendizagem e convívio. São sempre momentos que enriquecem a quem se disponibiliza a estar presente. Foi o 7º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade, promovido pelo Centro Diocesano Missionário, com o tema: “Nova Evangelização e Missão, hoje”.
Não muitos, um pouco mais de duas dezenas, na maioria de Mértola e três presenças de Almodôvar (Santa Clara-a-Nova). O Padre Tony Neves, provincial dos padres Espiritanos, baseado na sua experiência missionária e nas conclusões do último Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da Fé, orientou a reflexão e as dinâmicas que preencheram este dia de encontro, de estudo e de linhas de força para a dinamização missionária da diocese feita em todas as suas comunidades.
Contámos também com os Padres Agostinho (responsável das Missões na diocese), Aristides Neiva, Sousa Marques (da comunidade dos padres Espiritanos que servem o concelho de Mértola), Cónego Álvaro e a agradável surpresa da presença do nosso Bispo, D. António Vitalino. O Agrupamento de Escolas do concelho de Mértola cedeu-nos o espaço (EB1) e foi nesse lugar acolhedor e bem equipado que a formação decorreu.
A Igreja que somos e a Igreja que queremos ser
O Padre Agostinho fez a introdução ao tema e o ponto da situação em relação ao trabalho desenvolvido na Diocese. Depois começámos a visualizar algumas imagens capazes de nos integrar no sentido pleno do tema: “Que Evangelização queremos para a nossa Igreja?”
Na verdade, percebemos que há formas de estar distintas. Se por um lado há posturas que indicam pedagogias de alinhamento, de programação e de “perfomance”, por outro, a visão “together now” (agora, juntos), numa abertura a mentalidades diferentes, de envolvência, de união pela ideia aglutinadora do amor de Cristo, com a humildade de sentirmos que somos o que Deus quer que sejamos, parece-nos a mais forte e adequada para celebrar a fé na diversidade de percursos que coexistem numa comunidade.
A Igreja à escala global faz de nós uma igreja plural, o que implica “não obrigar” a que todos sejam como nós. Como disse Santo Agostinho, devemos ser unidos no essencial, livres no acessório e em tudo com caridade. Mais do que saber muito, é preciso vivermos de acordo com a fé, coerentemente, e transmitir a fé vivida e não apenas…falada.
A importância da linguagem
Vivemos na era da imagem. A palavra requer adequação ao destinatário. Tal como dizia o papa João Paulo II, a linguagem requer “fervor, métodos e expressões”. Na verdade, a evangelização hoje, requer novos métodos e novas expressões. O acesso fácil às novas tecnologias é uma dessas novas expressões que não podemos ignorar. A pedagogia terá de ser viva e baseada num conhecimento prévio para melhor definir as estratégias adequadas.
Nesta contínua insatisfação em que vive a humanidade, aliada à permanente incerteza da vida dos jovens, a procura de soluções que “preencham” o vazio é uma constante, por vezes, apressada e descoordenada, que leva a fontes sem água viva. É preciso procurar o encontro com o Pai através da vivência dos Sacramentos, enquanto sinais de fé viva e actuante.
Vantagens da globalização
A globalização surge também como uma oportunidade de dilatar o Evangelho. Esta possibilidade foi vista de forma marcante pelos dois últimos papas. Para melhor entender o alcance desta possibilidade vivida em concreto, vimos um pequeno filme de Nuno Bastos que evidencia a necessidade de mediação para recuperar quem se distancia e como o problema de “um” passa a ser o problema do “todo”, quando a indiferença é a resposta ao apelo de quem sofre.
Instrumentos de encontro com Jesus
Encontrar o outro, escutar e perceber os sinais de alerta, permite o encontro com Jesus. Dispomos de instrumentos capazes de assegurar a eficácia deste encontro: a Bíblia, os Sacramentos, a comunhão fraterna, o serviço da Caridade e a Missão.
É urgente cuidar da novidade da mensagem, sabendo que o Evangelho é para todos e que os jovens fazem parte deste processo de “cuidar”, de adequar, para chegar a quem é o garante da continuidade da mensagem cristã. As Jornadas Mundiais da Juventude têm sido uma forma de ligar o testemunho de vida à Palavra de Deus. Os jovens ganham confiança porque se deparam com multidões que gostam de Deus.
A relação entre a fé e a razão, foi outro ponto de reflexão. É preciso fazer alianças entre a cultura e a fé e lembrar que os meios de comunicação social são, agora, os novos areópagos. Todos os sectores da vida se dignificam quando vividos à luz da fé. Até a relação com o sofrimento assume novo sentido porque o horizonte não é o fim, mas a vida eterna.
Afinal, das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), a caridade é a que permanece. A partilha vem depois da oração e da conversão porque é o gesto de quem mudou a sua vida a partir do encontro com Deus.Como diz Bento XVI, “uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos”. A existência cristã é uma permanente “subida ao monte” para o encontro com Deus.
Foi assim, rico na forma e no conteúdo, que decorreu este dia de formação, em Mértola. Bem haja a quem o tornou possível. Para Deus todas as graças pelo que vivemos, partilhámos, comemos e guardamos na mente e no coração.
Em breve, em Odemira, no dia 23 de Março, novo encontro, com o tema bem sugestivo: “Crer é cuidar … cuidar é crer”. Vamos marcar presença! Vale a pena!
Maria Sebastiana Romana – Mértola
CDM/Beja
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