O diretor das
Obras Missionárias Pontifícias (OMP) disse à Agência ECCLESIA que a missão
acontece “do coração ao coração” e requer “diálogo, proximidade e relação”.
O tema esteve em
debate nas Jornadas Missionárias 2017, que se realizaram em Fátima entre os
dias 16 e 17 de setembro, sobre o tema ‘Missão do coração ao coração’.
“Não se trata de
coração a nível de sentimentalismo, não é isso, é deste coração aberto onde
cabem todos. A missão tem de ser assim”, afirmou o diretor das OMP.
Em declarações à
Agência ECCLESIA, o padre António Lopes explica que “só se abre o coração do
outro” quando o coração do missionário “também está aberto”.
“A missão é
feita sempre de diálogo, desta proximidade e desta relação. Só assim, quando me
aproximo, quando me relaciono com o outro ele pode estar aberto à mensagem que
quero transmitir porque sente em mim que há esta canal transmissor”, desenvolve
o sacerdote.
Segundo o padre
António Lopes, a missão do coração ao coração também tem “dificuldades” porque
“nem sempre o coração está em condições” e nem sempre a vida está em condições
de “levar essa mensagem e nem sempre o coração do outro está aberto a receber”.
A organização
das Jornadas Missionárias 2017 é da responsabilidade da Comissão Episcopal
Missão e Nova Evangelização, das Obras Missionárias Pontifícias e da CIRP –
Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal.
O encontro
juntou no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, novos e experientes
protagonistas da missão.
Para o superior
geral dos Missionários da Boa Nova, hoje “as pessoas estão saturadas de
palavras vagas, abstratas” e, por exemplo no Japão, onde esteve durante 20
anos, “dão muita importância à experiência da própria pessoa e ao testemunho”.
“No encontro com
o outro é fundamental que tenhamos a capacidade de sair de nós próprios. Porque
senão sairmos de nós próprios não tenhamos ilusões não se realiza o verdadeiro
encontro”, observa o padre Adelino Ascenso.
Já Ludimila
Silva, dos Jovens Sem Fronteiras, que esteve em Cabo Verde durante o mês
agosto, destaca que a missão do coração ao coração é “deixar que a vontade seja
a do Senhor. “Quando fazemos
o que Deus quer somos felizes e conseguimos fazer o outro feliz. Conseguimos
unir dois corações e fazer um só e dois corações felizes”, partilhou a jovem do
movimento ligado aos Missionários Espiritanos.
Da missão em
Cabo Verde a “maior riqueza” que trouxe foi a “fé” de um povo católico e de
jovens que “dão-se para a paróquia totalmente” com não se vê em Portugal.
“Quando estão na
paróquia estão agarrados às pessoas e se calhar não tanto à fé ou aquilo que
deveriam estar e lá não, vemos os jovens completamente a darem-se à paróquia e
às pessoas da paróquia”, desenvolve Ludimila Silva.
Segundo o
presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, a Igreja tenta
“congregar” as pessoas na diversidade das suas circunstâncias de vida e
“animá-las a todas com este sentido da missão”, que não implica partir para
outras geografias.
“Hoje temos mais
gente, por ventura, que parte em missão mas por menos tempo. Pode não haver
aquele entrosamento na realidade da vida, na realidade que a antiga permanência
de muitos anos gerava. […] Não sei qual poderá deixar mais marcas mas ainda
acredito muito na antiga”, comenta D. Manuel Linda.
Com cerca de 250
participantes, as Jornadas Missionárias 2017 foram integradas na peregrinação
nacional das Obras Missionárias Pontifícias ao Santuário de Fátima no âmbito do
centenário das aparições.
Fátima, 18 setembro 2017 (Ecclesia)
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